Pesquisa científica não acontece de uma hora para outra – e nem é rápida como as fábricas de memes exigem. Algumas podem ter resultados bastante entediantes para o público geral, e elas quase nunca trazem conclusões definitivas. O conhecimento, afinal, não tem vergonha de admitir que uma evidência nova pode exigir a revisão do que se sabia anteriormente. Se não fosse assim, ainda estaríamos acreditando em átomo indivisível, geocentrismo, criacionismo e terraplanismo.
Do lado de cá das bancadas científicas está a sociedade e a rapidez com que informações complexas chegam, de modo caótico, a nossos computadores e smarphones – algo que pode ser traduzido como infodemia: uma epidemia de informação causada pelo excesso de notícias sobre determinados temas. Muitas vezes, as informações que consumimos estão incorretas, incompletas ou são produzidas por fontes pouco confiáveis. Ainda assim, esses dados duvidosos seguem se propagando velozmente.
Temos aí o cenário perfeito para a ocorrência de um fenômeno que tem se tornado cada vez mais comum: notícias falsas ganham popularidade a partir de interpretações equivocadas da realidade ou de pesquisas científicas — produzidas por cientistas verdadeiros, de universidades verdadeiras e publicadas verdadeiramente em forma de artigo em periódicos científicos legítimos. Exemplos dessa interpretações erradas são: o caso de Adão e Eva, a popularidade da cloroquina durante a pandemia do novo coronavírus e os deuses astronautas.
Fonte: UOL


