As empresas de tecnologia vêm sendo cada vez mais cobradas a tomar atitudes para melhorar o ambiente na internet, em meio a crescentes episódios de disseminação de notícias falsas e discurso de ódio. Mas entre governos, empresas e sociedade civil, a quem cabe, no fim, regular a conversa virtual? Para o Google, uma das maiores empresas de internet do mundo, a discussão exige um debate amplo entre todos os atores. “Não temos uma solução única e simples para a desinformação”, diz o diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas do Google Brasil, Marcelo Lacerda.
A companhia americana não opera necessariamente redes sociais, que viraram centro deste debate. Mas tem nas mãos uma parcela considerável da internet mundial — incluindo o buscador mais usado do mundo e a mais popular rede de vídeos do planeta, o YouTube, com mais de 2 bilhões de usuários ativos. O Google faturou no ano passado quase 161 bilhões de dólares, mais que o dobro do Facebook.
Lacerda diz que o Google calibra seu algoritmo para dar relevância a conteúdos oficiais e que já retirou milhões de vídeos e páginas do ar que violaram suas políticas, além de publicar relatórios regulares de transparência sobre essas medidas. “Às vezes escutamos que a internet é uma terra sem lei. Mas não é verdade”, diz.
Sobre a “lei das fake news” (PL nº 3.063) em discussão no Congresso, o executivo afirma que o Google está aberto ao debate, mas critica o que considera uma rapidez excessiva no andamento do projeto. “Tivemos toda a discussão do Marco Civil, que levou quatro anos, com audiência, consulta pública. E não é à toa que tivemos uma lei que recebeu elogios internacionais. O que sentimos falta agora é justamente desse debate”.
O executivo falou à EXAME como parte de reportagem desta edição sobre os desafios em equilibrar regulação e liberdade de expressão online.
Fonte: Exame


