30.03.2020 – Notícias classificadas como Fake News

5 de Maio de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 5 fake news foram esclarecidas, 2 realizadas pelo Portal UOL e 3 pelo Portal Globo.com no dia 30 de Março. São elas:

(1) Mensagem que promete auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200 é falsa
Circula em grupos de WhatsApp e Facebook uma mensagem que promete liberar um auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200 para quem fizer um cadastro e responder algumas perguntas disponibilizadas em um link no comunicado. A mensagem é falsa. A proposta de um auxílio emergencial existe, mas ainda não começou a valer. Para isso acontecer, o projeto, que já foi aprovado na Câmara, precisa passar pelo Senado e ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Portanto, é preciso passar por esses trâmites para, então, o governo informar como será feito o pagamento.

(2) Coronavírus não foi criado em laboratório do Partido Comunista da China
Não há qualquer comprovação científica de que o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, tenha sido criado em laboratório; pelo contrário, um estudo realizado por pesquisadores do Scripps Research Institute e publicado na revista especializada Nature Medicine mostrou que o vírus surgiu de mutações na natureza. Os pesquisadores analisaram o genoma do vírus e chegaram à conclusão de que, provavelmente, ele é resultado da seleção natural. “Nossas análises mostram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção de laboratório ou um vírus propositadamente manipulado”, afirmam os pesquisadores Kristian G. Andersen, Andrew Rambaut, W. Ian Lipkin, Edward C. Holmes e Robert F. Garry. Eles analisaram as sequências genéticas do novo coronavírus e, tendo como base a complexidade do vírus, concluíram que não há tecnologia existente para criar algo do gênero em laboratório.

Um dia depois de ter publicado o texto, o Agora Paraná divulgou outra publicação com informações falsas, desta vez com o título “Proteína SHC014 somada a base do SARS criou versão híbrida de Coronavírus em laboratório da China capaz de infectar células humanas”. No texto, o colunista Oswaldo Eustáquio reafirma que o novo coronavírus foi criado em laboratório. Em 2015, de fato, a revista científica Nature publicou o artigo “Vírus de morcego projetado gera debate sobre pesquisas arriscadas”, demonstrando receio com o tipo de pesquisa que estava sendo realizada naquele momento na China. “Um experimento que criou uma versão híbrida de um coronavírus de morcego — relacionado ao vírus que causa a SARS (síndrome respiratória aguda grave) — desencadeou um debate renovado sobre se vale a pena arriscar variantes de vírus projetados em laboratório com possível potencial pandêmico”, diz o artigo publicado na Nature. No último dia 20, no entanto, a própria revista tomou à frente no debate e deixou claro que não há qualquer correlação científica entre estes artigos e a atual pandemia — e, mais uma vez, afirmou que a tese de que o vírus teria sido criado em laboratório é falsa. “Sabemos que este artigo está sendo usado como base para teorias não verificadas de que o novo coronavírus que causou o COVID-19 foi projetado. Não há evidências de que isso seja verdade; os cientistas acreditam que um animal é a fonte mais provável do coronavírus”.

(3) É #FAKE que bióloga espanhola ironizou salários de Messi e Cristiano Ronaldo ao falar de cura do coronavírus
A mulher na foto não é uma bióloga, e sim a deputada federal Isabel García Tejerina, do Partido Popular da Espanha. Por meio de uma busca reversa, é possível perceber que a imagem do post foi retirada de um vídeo publicado no YouTube em abril de 2018. Ao Extra, Tejerina confirma que a declaração “Vocês pagam 1 milhão de euros por mês para um jogador de futebol e 1.800 euros para um pesquisador em biologia. Agora vocês querem um tratamento. Vão perguntar ao Cristiano Ronaldo ou ao Messi e eles vão encontrar a cura pra vocês” é completamente falsa. Na época do vídeo, Tejerina era ministra da Agricultura, Pesca, Alimentação e Meio Ambiente na Espanha. A entrevista, concedida por ela durante uma visita ao Marrocos, trata da cooperação entre os dois países no setor agrícola. Os microfones que aparecem na imagem são da mídia marroquina, e o vídeo foi publicado no YouTube por uma TV da MAP, a Agência Marroquina de Imprensa.

(4) É #FAKE que café tem substâncias que combatem o coronavírus
Não há nenhum registro de que o médico chinês Li Wenliang tenha deixado qualquer documento que mostra que a metilxantina, a teobromina e a teofilina, encontradas no café, em chás e no chocolate “diminuem significativamente o impacto da Covid-19”. A pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, aponta: “As substâncias que estão presentes no café são utilizadas para quadros de asma, por exemplo, mas não nas dosagens que existem no café. Tanto que café nunca foi indicação para doença pulmonar”. Além disso, como era oftalmologista, também não faz sentido que tenha enveredado para esse tipo de pesquisa. Outro detalhe que denota a falsidade do texto é que ele começa dizendo que o fato foi noticiado pela CNN nos EUA. Não houve, porém, nenhuma reportagem sobre isso na TV americana.

(5) É #FAKE que a ingestão de alimentos alcalinos combate o novo coronavírus
A mensagem falsa diz: “Tudo o que precisamos fazer para vencer o vírus corona: precisamos ingerir mais alimentos alcalinos, que estão acima do nível de pH do vírus”. O pH é uma escala de 0 a 14 que mede a concentração de íons de hidrogênio, e serve para medir o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução ou substância. O virologista Rômulo Nery, da UFRJ, atualmente pesquisador visitante da Universidade da Califórnia, refuta por completo a informação compartilhada e explica: “Esse pH de 5,5 não é próprio do vírus, mas é o que ele precisa encontrar no ambiente celular para se propagar. E isso não pode ser mudado pela alimentação, ao contrário do que consultores dizem (ao tratar de dietas)”. Ele ainda aponta: “Não é possível mudar o pH da sua garganta ou do seu pulmão (onde chega o vírus) pelo fato de a alimentação ser mais ácida ou mais básica. Os alimentos são processados no estômago, que tem pH muito ácido. Quando os nutrientes são absorvidos pelo sangue, o pH não é mais relevante. O vírus não está só na garganta, mas no pulmão, traqueia, brônquios, onde comida e bebida não chegam”.

Na mensagem falsa são listados alimentos que podem, pelo pH alto, deter o novo vírus. Mas há inconsistências no próprio texto: o abacate, por exemplo, é listado como tendo pH 15,6, sendo que a escala termina em 14. Sobre o artigo de 1991 a que se refere a mensagem compartilhada, vale lembrar que o coronavírus não é único. É de uma família de vírus que causa infecções respiratórias. E o referido artigo, publicado no “Journal of Virology”, da Sociedade Americana de Microbiologia, trata de um outro vírus, o MHV4. Além disso, o artigo da revista não dizia que o MHV4 tinha um certo nível ou intervalo de pH. Na verdade, o objetivo do estudo era ver o que acontecia quando células de camundongos ou ratos eram infectadas com o vírus. Ou seja, também não há nenhuma lista de alimentos no artigo.

A pneumologista Patricia Canto Ribeiro ressalva que manter uma alimentação saudável fortalece o organismo, e que os bons hábitos à mesa são recomendados tanto agora, quanto no dia-a-dia de todos. Ela lembra que ainda não existe um protocolo a seguir quando se fala da Covid-19: “Não há tratamento em larga escala. Todos os protocolos estão em estudo: há algumas drogas sendo testadas isoladamente e algumas combinadas com outras medicações”. Sobre a ingestão deste ou aquele alimento como forma de conter o vírus, o infectologista Leonardo Weissman explica: “Ele pode chegar ao intestino, já foi isolado nas fezes. Mas não se sabe até que ponto isso influencia no potencial de transmissão. De qualquer forma, dizer que algum alimento combate o vírus é uma bobagem. Alimento algum serve para nos proteger nem para matar o novo coronavírus”.

Todas as autoridades de saúde alertam reiteradamente que não existe qualquer bebida, alimento ou vitamina capaz de eliminar o novo vírus, seja na prevenção, seja no combate da Covid-19. A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde vêm reforçando que ainda não existe nenhum remédio capaz de curar a doença, que deixou mais de 35 mil mortos no mundo em cerca de três meses. Para as autoridades de saúde, a única medida a ser tomada para se proteger é manter o isolamento social, para não se contaminar e, assim, não infectar outras pessoas, além de redobrar cuidados com higiene, especialmente quando alguém da casa vai à rua (seja para trabalhar, seja para comprar alimentos, ou outro fim), além de lavar sempre as mãos com água e sabão.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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