Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 4 fake news foram esclarecidas, 3 realizadas pelo Portal Globo.com e 1 pelo Portal UOL no dia 26 de Maio. São elas:
(1) É #FAKE que governador de Alagoas participou de evento dias depois de testar positivo para a Covid-19
A fotografia que mostra o governador de Alagoas, Renan Filho, em uma sala com um grande número de pessoas, todas sem máscara foi registrada em um evento na cidade de Teotônio Vilela, em 1º de maio de 2019. Segundo um comunicado publicado pela Agência Alagoas, da Secretaria de Estado da Comunicação do estado, Renan Filho foi à cidade para entregar um Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) e inaugurar um estádio e a nova sede da Secretaria de Educação e Cultura da cidade. No dia 25 de abril, Renan Filho confirmou o diagnóstico positivo para a Covid-19 nas suas redes sociais. Depois disso, segundo a agência, o governador ficou em isolamento social e foi tratado em casa.
(2) É #FAKE que fórmula caseira com maçã, inhame e água de coco proteja do coronavírus
A receita ensina a pessoa a bater no liquidificador uma maçã, um pedaço de inhame e um copo de água de coco. A recomendação dada é que se beba a mistura uma vez ao dia. O inhame é uma raiz cheia de vitaminas, usualmente tratada como benéfica para a imunidade do organismo, assim como a maçã; por sua vez, a água de coco tem poder hidratante. Ou seja, os três fazem bem à saúde. Mas a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde vêm reforçando que não existe qualquer remédio feito em casa que surta efeito para proteger a pessoa do vírus ou para tratar a Covid-19 até o momento. O infectologista Alberto Chebabo, diretor da Divisão Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, reitera: “Não há nenhuma evidência provando que essa combinação sirva para alguma coisa”. É simples: para uma substância ser efetiva contra a Covid-19, ela precisa ter efeito antiviral, ou seja, ser capaz de conter a infecção pelo coronavírus.
(3) É #FAKE que Viação Itapemirim decretou falência em razão da quarentena imposta com o novo coronavírus
Na verdade, a empresa de transporte rodoviário de passageiros Itapemirim enfrenta um processo de recuperação judicial, que teve início em 2016, mas só foi homologado em maio de 2019, no valor de R$ 300 milhões. A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. Por conta dos impactos econômicos da pandemia, o grupo conseguiu trocar os percentuais destinados ao pagamento de dívidas e ao caixa da empresa: durante a pandemia, ela fica com 80% de seus recursos financeiros para capital de giro e apenas 20% para o pagamento de seus credores. Antes da pandemia, o percentual estabelecido era o inverso, segundo informações divulgadas pela Itapemirim. Isso significa que, para aplacar os prejuízos durante a quarentena, a empresa poderá atrasar o pagamento de suas dívidas e ter mais dinheiro disponível para tocar o negócio. Em entrevista ao G1 há três anos, o ex-presidente da empresa, Camilo Cola Filho, atribuiu a decadência da Itapemirim a uma combinação de fatores: o transporte clandestino, principalmente no Norte e no Nordeste; a queda nos preços das passagens aéreas e incentivos fiscais dados às empresas de aviação a partir de 2003; e a crise internacional de 2008 e o impasse na regulação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que começou em 2008 e só foi resolvido em 2015.
(4) Vídeo “Plandemic” viraliza com informações falsas sobre a Covid-19
O vídeo “Plandemic” consiste em uma entrevista com a controversa pesquisadora Judy Mikovits produzida pela produtora californiana Elevate, dirigida pelo ex-modelo Mikki Willis, que também aparece no vídeo como entrevistador. A descrição de quem é Judy Mikovits bem como as informações erradas sobre a covid-19 discorridas no video são explicadas a seguir:
Fatos sobre Judy Mikovits
De acordo com a revista Science, sua tese para conclusão do PhD de Mikovits foi, de fato, sobre HIV, como afirma o vídeo “Plandemic” — no entanto, a publicação não teve qualquer impacto sobre o tratamento da Aids. A Science também mostrou que não há evidências de que Mikovits tenha participado da equipe do NCI que isolou o vírus HIV em 1984. Em “Plandemic”, a cientista acusa o doutor Anthony Fauci, atual diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na sigla em inglês), de ter adiado a publicação de pesquisas sobre a Aids. Judy não fornece qualquer prova para a acusação e não existe qualquer indício de que seja verdade.
Ao contrário do que alega o vídeo “Plandemic”, o estudo sobre síndrome de fadiga crônica publicado na Science não mostrava que uso de tecidos fetais causava doenças crônicas. Na realidade, a pesquisa sugeria que um vírus derivado de ratos, chamado XMRV, era a causa da síndrome de fadiga crônica. Posteriormente, outros pesquisadores mostraram que o vírus tinha sido criado acidentalmente em laboratório e que provavelmente nunca tinha infectado humanos. A própria Mikovits tentou replicar o achado científico em um estudo com amostras de sangue de 300 pessoas, metade delas pacientes da síndrome de fadiga crônica. O XMRV não foi encontrado em nenhum dos materiais analisados. A cientista se recusou a assinar a retratação na Science.
Mikovits foi presa em 2011, depois de ter sido demitida do Instituto Whittemore Peterson (WPI), como ela própria admite no vídeo “Plandemic”. Ao contrário do que a pesquisadora afirma, porém, não é verdade que ela tenha sido presa sem acusações. De acordo com o Washington Post, Judy foi acusada pela procuradoria do condado de Washoe, no Estado de Nevada, de roubar dados de computadores e outros materiais do WPI. A acusação criminal foi retirada em junho de 2012. Ela ainda acusa o doutor Fauci de ter subornado investigadores no caso da WPI. Novamente, ela não oferece qualquer prova disso e, como mostrou a AFP, a base de dados da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos aponta que Mikovits não publicou nem participou da produção de artigos científicos desde 2012.
Vacinas já mataram milhões no mundo?
Em “Plandemic”, Mikovits afirma ainda que as vacinas contra gripe aumentaram em 36% as chances de infecção pelo novo coronavírus. No entanto, ela cita como referência um estudo sobre a temporada de influenza de 2017 a 2018. Os primeiros casos de covid-19 só foram identificados em 2019. A pesquisa, na verdade, faz referência aos quatro coronavírus que causam o resfriado comum. De acordo com a OMS, vacinas são seguras e seus efeitos colaterais geralmente são temporários, como dor local no braço ou febre branda. Efeitos colaterais mais graves são possíveis, mas extremamente raros, informa a entidade. Todas as vacinas licenciadas passam por múltiplas fases de testes antes de serem liberadas para o público. A segurança das imunizações é constantemente monitorada para evitar riscos à saúde.
Vírus foi criado em laboratório?
Em 17 de março, a revista Nature divulgou pesquisa que analisou o genoma do SARS-CoV-2, vírus que causa a covid-19. “Nossas análises mostram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção de laboratório ou um vírus manipulado propositadamente”, afirmaram os autores. Mikovits afirma ainda que o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) financiou experimentos com o novo coronavírus em Wuhan e, por isso, seria responsável pela atual pandemia. À AFP, a médica Kathleen Montgomery, patologista da Universidade de Vanderbilt, disse que de fato os Estados Unidos estavam estudando a família de vírus dos coronavírus — que inclui organismos que podem causar resfriados até doenças mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SARS).
Usar máscaras e luvas diminui a imunidade?
Os três especialistas consultados pelo Projeto Comprova confirmaram que o uso de equipamentos de proteção não diminui a imunidade. “A máscara vai evitar que você esteja exposto aos agentes infecciosos”, explicou o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo.
Hidroxicloroquina é tratamento mais efetivo contra covid-19?
Uma pesquisa publicada na sexta-feira (22) na revista científica The Lancet mostrou que o remédio não apresentou benefícios no tratamento da covid-19, além de ter aumentado o risco de morte e de problemas cardíacos. O estudo foi realizado em 96 mil pacientes. A OMS recomendou a suspensão de testes.
O vídeo “Plandemic” também cita uma pesquisa feita com 6,2 mil médicos de 30 países. De uma lista com 15 medicamentos, 37% dos profissionais de saúde consultados apontaram a hidroxicloroquina como a mais eficaz contra o novo coronavírus. Como mostrou o site de fact-checking Aos Fatos, a enquete foi realizada por um fórum online chamado Sermo e não tem validade estatística. Além disso, o levantamento apenas reflete a percepção pessoal dos médicos entrevistados, o que não é suficiente para atestar a eficácia do medicamento.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


