Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 4 fake news foram esclarecidas, 1 realizada Portal UOL e 3 pelo Portal Globo.com no dia 25 de Março. São elas:
(1) Como verificamos: Itália não registrou 232 mortes de crianças pela covid-19
Até o dia 24 de março, o governo italiano ainda não havia registrado óbitos de pessoas com menos de 30 anos. Essa verificação foi realizada com base em consultas a diversos documentos oficiais de diferentes órgãos do governo da Itália. Inicialmente, o Comprova procurou os dados oficiais publicados pelo Ministério da Saúde da Itália. Como mostram os relatórios diários da pasta, de fato houve um dia em que o país teve 793 mortes provocadas pelo novo coronavírus. Isso ocorreu entre os dias 20 de março, quando o total de óbitos era de 4.032, e o dia 21 de março, quando o total chegou a 4.825 mortes. Em seguida, o Comprova foi atrás do número de mortes de crianças italianas por conta da covid-19. Na Itália, os dados a respeito das mortes provocadas por covid-19 são também congregados pelo Instituto Superior de Saúde (Istituto Superiore di Sanità-ISS), órgão técnico do Serviço Nacional de Saúde (Servizio Sanitario Nazionale) italiano, equivalente ao Sistema Único de Saúde (SUS) existente no Brasil. Segundo o mais recente relatório, disponível tanto em italiano quanto em inglês e publicado em 25 de março, a Itália tinha 6.157 mortes provocadas pela covid-19, sendo que nenhuma delas era de crianças. Na realidade, 100% das mortes registradas na Itália, segundo o relatório do ISS, foram de pessoas com 30 anos ou mais.
(2) É #FAKE que Anatel tem dado 7 GB de internet à população por causa do coronavírus
A Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) diz que a mensagem “Anatel – Ganhe 7 GB de internet” é totalmente falsa e que não existe qualquer promoção ou oferta de 7 GB de internet. A agência alerta que não envia links por WhatsApp ou por SMS nem faz promoções ou dá prêmios. Há ainda uma frase “receber internet” com um convite para que a pessoa clique em um link. Esse link é suspeito e leva o consumidor a um site, que, segundo a Anatel, tenta aplicar golpes. A agência orienta o consumidor a não abrir links desconhecidos, nunca fornecer informações pessoais em sites e aplicativos que não reconheça e desconfiar de e-mails de desconhecidos e com assuntos apelativos ou alarmantes. Também destaca que é importante cuidar bem de senhas pessoais, manter atualizados sistema, antivírus e firewall.
(3) É #FAKE que início do surto de H1N1 no Brasil, em 2009, matou mais que o do novo coronavírus
A comparação aponta que o surto de gripe suína, como ficou conhecida, deixou 58.178 infectados, com 2.101 mortos. Quando se refere à situação atual, o quadro usa o número de registros contabilizados até o dia 18 de março no Brasil – 394 infectados e duas mortes (na verdade, os óbitos neste dia já chegavam a 4). A questão é que os períodos de tempo não são comparáveis. O primeiro dado é bem próximo ao número total de casos de H1N1 registrados no país em 2009 e 2010 juntos: 59.867. O número de mortes (2.173), também. Ou seja, quase dois anos de doença (já que o primeiro caso de H1N1 foi registrado em maio). Sobre o coronavírus, segundo o balanço do Ministério da Saúde do dia 25/03, eram 2.433 contaminados pelo novo coronavírus no país com 57 mortes confirmadas. Os dados se referem a um período menor que um mês. Em 30 dias de H1N1 em 2009, ou seja, um período inclusive maior, foram registrados 627 casos e apenas uma morte. Além disso, é muito complicado comparar as taxas de letalidade, porque a do coronavírus ainda está mudando (ainda assim, ela varia entre 2% e 3%, e está relacionada a fatores de risco). Já a do H1N1 é, em média, de 0,02%.
Para completar, uma análise dos dados globais, compilados pela Organização Mundial da Saúde, revela que, em menos de três meses, o novo coronavírus já registra um número oficial de mortes superior ao total de óbitos registrados em 16 meses de pandemia de gripe suína. Já são mais de 20 mil mortes pelo mundo em decorrência da Covid-19, contra cerca de 18.500 do H1N1 em um período bem maior. O infectologista Roberto Medronho, doutor em saúde pública e professor da UFRJ, diz que é preciso tomar cuidado com comparações estatísticas, ainda mais com uma das pandemias em pleno curso. Ele afirma que, numa conta dessas, é necessário que o denominador seja o mesmo. Ou seja, a informação que está sendo compartilhada carece de rigor científico.
A pneumologista Patricia Canto, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, afirma que o quadro agora é muito mais desfavorável na comparação com a crise do H1N1. “Na época, já estava disponível um tratamento antiviral. O paciente chegava com sinais de gravidade, a gente tratava, e ele respondia. E logo a vacina surgiu”, diz. “Isso não existe para o novo coronavírus. Não há protocolo de tratamento, e a vacina deve levar um ano, um ano e meio”. Ela, que atuou na contenção da propagação da gripe suína em 2009, ainda lembra que houve, sim, mobilização para isolar pessoas; embora, de fato, menor da que se vê agora. Escolas foram fechadas, e postos de atendimento foram espalhados para atender pacientes, relembra.
(4) É #FAKE que vídeo mostre saques a supermercados e lojas em São Vicente em meio à pandemia do coronavírus
As mensagens que circulam junto com o link do vídeo que mostra um cenário desolador após saques a supermercados e lojas em São Vicente, no litoral de São Paulo, dizem que o caso foi registrado em meio à pandemia do novo coronavírus. Esse vídeo foi publicado no G1 com a reportagem exibida no Jornal da Tribuna 1ª Edição. Para deixar mais claro que o vídeo é antigo, o título dele foi alterado na noite desta quarta-feira (25) para: “20 de junho de 2013 – Mercados e lojas foram saqueados em São Vicente”. Um detalhe que denota que o vídeo é antigo é que a repórter Paula Araújo deixou o Grupo Tribuna há cinco anos, quando foi contratada pela GloboNews, onde está até hoje. A Polícia Civil reforça que não houve nenhum registro de saque como esse na Baixada Santista recentemente. O porta-voz da PM na região, capitão Elisiário, também diz não ter registro de nenhum incidente do tipo.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


