Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 3 fake news foram esclarecidas, 1 realizada pelo Portal UOL e 2 pelo Portal Globo.com no dia 24 de Junho. São elas:
(1) É falso que hospitais recebem R$18 mil por cada óbito registrado como covid
No vídeo, um homem, que não aparece na imagem, mostra a declaração de óbito de Henrique José Pena, de 81 anos, e diz que ele “infartou dormindo”. Na sequência, chama a atenção para o bloco em que é indicada a causa mortis, no qual consta, dentre outros, “suspeita de covid-19”. Segundo o autor do vídeo, em função disso, o paciente não pôde ser velado. O homem afirma ter cobrado explicações do médico que assinou a declaração. Segundo ele, o profissional teria informado que os hospitais recebem R$ 18 mil a cada registro de óbito por covid-19. Entretanto, tudo indica que o autor do vídeo não teve qualquer contato com a profissional que assinou a declaração de óbito — uma médica mulher.
As afirmações não são verdadeiras. Em nota, o Ministério da Saúde reiterou ao Comprova que os repasses de recursos para o enfrentamento à pandemia não são definidos de acordo com o registro de mortos. Também por meio de nota, a Secretaria de Saúde do município informou que o paciente em questão, um morador de Ipê, no Rio Grande do Sul, morreu em casa e, como não houve assistência médica, não foi possível precisar a causa da morte. Por conta disso, a Secretaria alega ter seguido a uma resolução editada no dia 6 de abril pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde, o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-RS) e a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Os órgãos recomendam que, em situações de casos suspeitos de covid-19, os médicos registrem “claramente a sequência de diagnósticos”, bem como “as outras condições clínicas significativas que contribuíram para a morte e que não entraram na sequência que determinou a morte”.
(2) É #FAKE que mistura caseira de água, sal e zinco seja eficaz contra o novo coronavírus
Médicos entrevistados pela CBN afirmam que não há embasamento científico para a afirmação de que tal mistura caseira previna ou cure a infecção pelo coronavírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem reiterando que até o momento não há qualquer remédio feito em casa, alopático nem fitoterápico que cure a Covid-19. Segundo o virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, o zinco mostrou algum efeito contra o Sars-CoV-1, que surgiu na China em 2002, mas não há nenhum estudo que comprove que ele sirva para o Sars-CoV-2, que provoca a pandemia atual. Ele alerta que a inalação de zinco proposta na mensagem que viralizou pode causar a perda do olfato, justamente um dos sintomas da infecção pelo coronavírus. Neris explica ainda que a ingestão de zinco precisa ser controlada. “O consumo de quantidade elevadas, mesmo em casos de suplementação, podem causar intoxicação.” Ou seja, uma mistura caseira, de toda forma, não é adequada.
Sobre o passo a passo do tal “copo da vida”, Neris esclarece: “O esquema apresentado é um aproximado da pilha de Daniell, que causa deposição de zinco no copo. Mas não existe nada na literatura que aponte a eficiência deste aparato no controle da replicação de qualquer vírus. Apesar da similaridade entre o Sars-CoV-2 e outros coronavírus, não existe evidência de que zinco pode melhorar ou reduzir as manifestações sintomáticas da Covid-19. Infecções por coronavírus do resfriado são muito mais brandas do que as por Sars-CoV-2.”
(3) É #FAKE que uso de máscara de proteção faça mal à saúde tornando o sangue mais ácido
À CBN, o Ministério da Saúde rebate enfaticamente todo o conteúdo do vídeo do médico do Rio de Janeiro, João Vaz. O órgão ainda esclarece que “não há embasamento técnico-científico na afirmação que tem circulado nas redes sociais de que ‘ao usar máscara, a pessoa respira gás carbônico e acaba acidificando o sangue, fazendo do corpo um lugar ideal para o vírus'”. “As máscaras apresentam poros que permitem a realização das trocas gasosas”, diz o órgão.
O médico, que fornece seu celular no vídeo para quem quiser fazer consultas por telefone e conseguir receitas médicas, diz ainda: “Se você não estiver falando com alguém, se estiver andando na rua, não use máscara. Não tem sentido. (…) Parece que estão querendo nos matar com informações falsas”. Diante disso, o ministério reforça que orienta a população a usar máscaras “em todos os ambientes, incluindo lugares públicos e de convívio social, que protege contaminar outras pessoas de seus próprios germes” e explica que “quando tossimos ou espirramos, todas essas gotículas são filtradas no interior da máscara, evitando a disseminação de substâncias potencialmente carregadas de vírus”.
Procurado pela CBN, o médico João Vaz reafirma tudo o que foi dito no vídeo. “Tenho 49 anos de medicina. A máscara é boa, mas não no meio da rua, na praia. Quando você inspira o ar sem máscara é uma coisa. Com a máscara, a puxada de ar não é igual”. O médico José Rodrigues Pereira, pneumologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que “Estudos realizados por ocasião da infecção por Sars, em 2003, mostraram que a utilização de máscaras do tipo N95, com malha densa, bem vedadas, por enfermeiras por 3 horas seguidas pode aumentar a taxa de gás carbônico no sangue. Mas discretamente, dentro de níveis normais. Com isso, também pode haver aumento do pH do sangue. Mas também é discreto, em parâmetros normais”, afirma o médico. O professor titular de infectologia da UFRJ, Mauro Schetcher, reforça: “Vírus não se multiplica. Quem o multiplica e permite que agrida o hospedeiro são as células que ele infecta. E as células funcionam melhor em seu pH normal. Acidez ou alcalinidade fora do usual interferem de forma negativa em seu funcionamento e, em consequência, alteram a capacidade de produzir novos vírus”.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


