Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 12 fake news foram esclarecidas, 6 realizadas pelo Portal Globo.com, 5 pelo Portal do Ministério da Saúde e mais 1 pelo Portal UOL no dia 24 de Abril. São elas:
(1) É #FAKE que Caixa bloqueou segunda parcela do auxílio emergencial de quem se cadastrou para comprar eletrônicos
A mensagem falsa tem a logomarca da Caixa e diz que 187 mil CPFs foram bloqueados pelo banco deixando-as sem o benefício dado que a medida foi tomada para que seja ajudado “apenas quem realmente precisa”. A Caixa informa que não emitiu qualquer comunicado referente a uma eventual fiscalização do uso dos recursos. Em nota, diz que “a lei 13.982/2020, regulamentada pelo decreto 10.316/2020, que instituiu o auxílio emergencial do governo federal, não impõe a forma como o beneficiário deverá utilizar os recursos”, ou seja, quem gastar com a compra de equipamentos eletrônicos não sofrerá nenhuma sanção. Além disso, a seleção, lembra a Caixa, é realizada pelo Ministério da Cidadania, e isso é feito após análise pelo Dataprev, órgão que verifica as exigências determinadas pela lei. Os pagamentos começaram no dia 9, e são previstas três parcelas.
(2) É #FAKE que novo coronavírus não causa pneumonia e que tratamento pode ser feito em casa mesmo em casos graves
A mensagem falsa afirma que o que se sabia sobre a doença provocada pelo novo vírus até o momento estava errado, e que os exames cadavéricos fizeram médicos italianos alterarem os protocolos de tratamento dos doentes. Afirma ainda que não são necessários ventiladores para salvar os doentes nem sequer monitoramento em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nada disso é verdade. O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor da Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, esclarece: “Já se sabe que a Covid-19 compromete inúmeros órgãos, sendo o primeiro, e principal, os pulmões. Desenvolve-se uma pneumonia viral e, às vezes, uma pneumonia bacteriana secundária. Por ser multissistêmica, nos casos mais graves, ela avança para o coração e os rins. A formação de trombose vascular não é novidade para quem acompanha a doença, e não muda a abordagem até que algum medicamento novo venha a demonstrar eficácia”. O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que os médicos ainda não sabem qual é o percentual de pacientes que evoluem dessa forma. São casos críticos, nos quais é implementado um protocolo anticoagulação.
Um outro trecho da mensagem falsa que está sendo compartilhada menciona o caso de uma família mexicana nos Estados Unidos que se curou com um remédio caseiro: três aspirinas de 500 mg dissolvidas em suco de limão fervido com mel. Renato Kfouri alerta: “Esse ‘remédio caseiro’ pode até induzir sangramento. É antiagregante plaquetário, além de não tratar a doença”.
(3) É #FAKE que hospital de campanha do Anhembi não tem pacientes e, por isso, médicos têm sido liberados de plantões
A foto interna do hospital ainda vazio e antiga está sendo usada na falsa mensagem que diz que plantões de médicos chamados para o hospital de campanha do Anhembi foram cancelados por falta de pacientes com a Covid-19. Como a foto é de antes da chegada dos primeiros pacientes, só aparece uma pessoa na imagem, um trabalhador que participou da montagem do hospital. A imagem passa a falsa impressão de que não há demanda de doentes p que não é verdade. De acordo com o último boletim divulgado antes de 24 de abril pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, 186 pacientes estão internados e, destes, 182 estão em leitos de enfermaria e 4 se encontram na sala de estabilização, que é para quadros mais graves. Já há a admissão de novos pacientes acertada. Além disso, foram contabilizadas duas mortes na unidade: dois idosos, um de 72 e um de 79 anos.
A mensagem falsa se aproveita de uma notícia, de um fato, para criar uma tese mentirosa. Isso porque médicos que foram contratados para trabalhar no hospital de campanha do Anhembi tiveram realmente plantões reagendados. Mas isso não aconteceu porque o cenário do coronavírus em São Paulo é menos grave do que o divulgado, e sim porque a transferência dos pacientes de outras unidades de saúde foi iniciada depois do previsto inicialmente. Ou seja, os plantões não ocorreram simplesmente porque o hospital não estava operando. Os primeiros pacientes só chegaram no dia 11 de abril ao hospital, sendo que a expectativa era que isso se desse dias antes. A Secretaria Municipal da Saúde diz que houve uma alteração no cronograma de trabalho dos profissionais de saúde por conta dessa alteração. Segundo a pasta, a contratação de profissionais para atuar no hospital foi feita mediante contrato de gestão entre a pasta e a Organização Social de Saúde (OSS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS), responsável pelo recebimento dos profissionais na unidade.
(4) É #FAKE que chá com mistura de jambu, limão, alho e paracetamol cura a Covid-19
O infectologista Antônio Magela, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, em Manaus, diz que a afirmação de que chá de limão, alho, folhas de jambu e paracetamol cura a Covid-19 é totalmente falsa, pode até aliviar os sintomas em pessoas com quadro leve da doença, mas não curá-la. A médica Ana Maria Caetano Faria, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante da equipe de especialistas da Sociedade Brasileira de Imunologia, diz: “Essas combinações de medicamentos e plantas não têm nenhuma eficácia conhecida ou testada. Os medicamentos dipirona e paracetamol são analgésicos e antitérmicos e podem ser usados. Mas não curam. São úteis para melhorar o mal-estar, a dor de cabeça e baixar a febre. Há vários antivirais sendo testados no momento, mas como são medicamentos muito tóxicos e sem eficiência comprovada, tampouco estão sendo utilizados”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde reforçam que não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus (Covid-19). Segundo o governo do Amazonas, principal lugar de circulação da mensagem falsa, “não há nenhuma pesquisa ou terapia alternativa com chá de jambu para tratamento de Covid-19” no estado.
(5) É #FAKE que uso de álcool 70% para higienização pode causar infecção respiratória e até matar
O vídeo diz que o uso demasiado do álcool em 70% pode provocar os sintomas respiratórios, levando o sistema imunológico à falência e até ao óbito, mas para o farmacêutico Leandro Medeiros, coordenador do curso de Farmácia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), só há algum efeito nocivo se houver ingestão oral e excessiva de álcool. A pneumologista Patricia Canto Ribeiro explica: “O produto [álcool em 70% líquido] tem poder bactericida e desinfetante. O que pode acontecer, e isso fez com que a venda fosse proibida em supermercado, é que as pessoas usam em churrasqueira, e ele é muito explosivo. Então o risco para a saúde humana é o de provocar queimaduras. Além disso, as pessoas não devem ficar passando na pele, pode ressecar muito e causar pequenas lesões, e isso pode acabar agravando o risco de contaminação”. O pneumologista Rodolfo Fred Berhsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, reafirma que o álcool não é tóxico: “Ele evapora rapidamente. Aquela sensação de gelado que sentimos ao colocar o álcool nas mãos é ele evaporando. Também não é poluente, se usado só para higienização. Não estamos falando em jogar grandes quantidades de álcool nos ambiente”. Segundo o virologista Rômulo Neris, da UFRJ, atualmente pesquisador visitante da Universidade da Califórnia: “Não existe, entretanto, nenhum registro ou associação do uso de álcool tópico a manifestações respiratórias. Algumas complicações respiratórias conhecidas podem acontecer em caso de abuso crônico de álcool consumido por bebidas, mas não por outras vias”.
(6) É #FAKE que ministro da Saúde faz auditoria dos números de casos e mortes de Covid-19
O Ministério da Saúde nega que exista uma auditoria nos números divulgados pelos estados sobre a Covid-19. Em nota, o órgão informa que “os registros de casos e óbitos com confirmação de Covid-19 são reportados pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde, levando-se em conta o número de pacientes hospitalizados e óbitos registrados no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP Gripe) e o número de exames positivos de Covid-19 em casos leves”. O ministério ressalta ainda que esses dados são repassados diariamente para equipes técnicas do Ministério da Saúde e divulgados por meio do portal covid.saude.gov.br. Também não é possível dizer que os números de São Paulo começaram a cair. No dia 23 de abril, o estado bateu recorde, com 211 novas mortes em 24 horas e, apesar de oscilações pontuais, a curva permanece ascendente. Já o número de casos tem variado bastante, mas não há uma tendência de queda. A mensagem também dá a entender que todos os estados e municípios anunciaram uma reabertura imediata da economia. Não é verdade. Em São Paulo, por exemplo, a quarentena está mantida.
(7) Máscaras sem qualidade distribuídas pelo Ministério da Saúde – É FAKE NEWS!
Todas as máscaras cirúrgicas distribuídas pelo Ministério da Saúde aos estados têm três camadas e filtragem mínima de partículas de 95% e todas as compras do Ministério da Saúde relativas ao coronavírus (COVID-19) são feitas através de diário oficial, não havendo outra forma de recepção de proposta diversa desta. Além disso, os produtos possuem uma documentação técnica que é avaliada e atestada pela área demandante do produto. Portanto, a máscara apresentada no vídeo que circula nas redes sociais não foi distribuída pelo Ministério da Saúde.
(8) Software das UPAS obrigam registro de coronavírus – É FAKE NEWS!
O Ministério da Saúde esclarece que não há orientação da pasta aos parentes das vítimas de óbitos recentes para que não aceitem atestados de óbito em que o médico estiver atribuindo a causa morte ao coronavírus (COVID-19). Todas as orientações do Ministério da Saúde sobre óbitos relacionados ao coronavírus (COVID-19) estão disponíveis na publicação “Manejo de corpos no contexto da COVID-19”, na páginas 9, 11 e 12. De acordo com a publicação, o atestado de óbito é fornecido pelo cartório, a partir da declaração de óbito fornecida pelo médico que assistiu o paciente. Além disso, para a situação do óbito ser de caso suspeito de coronavírus (COVID-19), será realizado exame com coleta post mortem pelo serviço de saúde e somente após o resultado será estabelecida a causa da morte. Em sendo confirmado o diagnóstico de coronavírus (COVID-19), haverá notificação compulsória para o sistema de vigilância epidemiológica local. O Ministério da Saúde reforça que todos os casos graves de síndrome respiratória sob suspeita de coronavírus (COVID-19) passam pelo exame RT- PCR, o que confirma ou descarta a infecção. Caso o paciente evolua para óbito, a causa da morte já estará estabelecida, sendo notificada e atestada na declaração de óbito.
(9) Máscaras de doação da China são contaminadas com coronavírus – É FAKE NEWS!
O Ministério da Saúde afirma que não há nenhuma evidência que produtos enviados da China para o Brasil tragam o coronavírus (COVID-19). Argumenta ainda que os vírus geralmente não sobrevivem muito tempo fora do corpo de outros seres vivos, e o tempo de tráfego destes produtos costuma ser de muitos dias. Geralmente, o vírus só é transmitido entre humanos e não sobrevive mais de 24 horas fora do organismo humano ou de algum animal.
(10) Número de óbitos por COVID é de 946 – É FAKE NEWS!
O Ministério da Saúde informa que os dados de mortalidade no SUS são publicados a cada dois anos. Isso significa que as informações mais recentes que estão disponíveis são de 2018. Nenhum dado referente a 2019 ou 2020 foi divulgado até o momento. Qualquer divulgação com esses números não é considerada válida pelo Ministério da Saúde.
(11) Remédio de piolho pode matar coronavírus – É FAKE NEWS!
Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas para o combate ao coronavírus (COVID-19), entretanto, até o momento, não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus (COVID-19).
(12) Pesquisa brasileira não usou doses de cloroquina para matar pacientes
É falso que um grupo de pesquisadores brasileiros tenha aplicado uma dosagem letal de cloroquina em pacientes com covid-19 para causar má impressão sobre o medicamento no tratamento contra a doença. Postagens acusam diretamente o médico Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, de Manaus, e especialista em Saúde Pública da Fiocruz-Amazonas, de ter matado intencionalmente pacientes com covid-19 com doses altas de cloroquina. A pesquisa “Cloroquina em Duas Dosagens Diferentes como Terapia Adjuvante de Hospitalizados com Síndrome Respiratória Grave no Contexto de Coronavírus” foi aprovada no dia 20 de março pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e começou no dia 23. A Conep é ligada ao governo federal e responsável pela regulamentação ética de protocolos de pesquisas envolvendo seres humanos no país. A pesquisa foi estruturada como um estudo de fase II. Isso quer dizer que o foco são diferentes dosagens e a segurança dos pacientes. Além de a metodologia do estudo ter passado pelo crivo do Conep, a Fundação de Medicina Tropical, um centro de referência mundial para o tratamento de enfermidades tropicais, conduziu as pesquisas. Além disso, o Governo do Estado do Amazonas, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) são os patrocinadores oficiais do estudo. Rocha explica ainda que para colocar em prática um estudo como esse, o comitê de ética avalia se a pesquisa traz uma resposta cientificamente válida para a sociedade e se deve prosseguir. Por fim, o estudo de Lacerda não permite concluir se a cloroquina em doses baixas funciona ou não para o tratamento da covid-19, pois não tem o grupo de controle, isto é, o grupo que não recebeu o medicamento e serviria como parâmetro para comparar os resultados no grupo submetido à droga.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


