22.06.2020 – Notícias classificadas como Fake News

22 de junho de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 5 fake news foram esclarecidas, 1 realizada pelo Portal UOL e 4 pelo Portal Globo.com no dia 22 de Maio. São elas:

(1) É falso que repasses aos estados tenham relação com número de notificações
São falsas as afirmações de um enfermeiro do Rio de Janeiro que diz, em vídeo publicado no dia 10 de junho, que corpos de vítimas da covid-19 são vendidos por milhões para governos estaduais e municipais. Ele também afirma, erroneamente, que 60% dos óbitos registrados com a doença foram por outros motivos. Segundo o Projeto Comprova verificou, a União disponibiliza verbas para que estados possam usá-las para o combate ao vírus, hospitais de campanha e compras de equipamentos de proteção, entre outras ações, mas não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.

Procurado, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro informou que não há qualquer investigação envolvendo possíveis fraudes em óbitos por covid-19 no estado. A Polícia Federal não divulga informações sobre investigações em andamento, mas não há citação de nenhuma apuração envolvendo este tema. A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) não se manifestaram. Em entrevista ao Comprova, o autor do vídeo que viralizou nas redes sociais, Anthony Ferrari Penza, que vive em Cabo Frio, disse que pode confirmar suas “denúncias” com relatos de pessoas que buscaram atendimento médico. “Eu tenho provas disso, eu coloco cem pessoas para falar”, declarou Penza – sem apresentar nenhum documento.

(2) É #FAKE que texto sobre pandemia do medo foi escrito por C.S. Lewis
O texto intitulado “Covid 19: A Pandemia do Medo” não foi escrito por C.S Lewis e não está no livro “Cartas do Diabo a aprendiz” publicado em 1943, de acordo com a editora que o publica. O texto, na verdade, foi feito pela escritora brasileira Camila Abadie. Ela o colocou em seu perfil no Instagram e o apresentou como “Trecho não escrito de Cartas do Inferno (ou Cartas de um diabo ao seu aprendiz)”. Diante da repercussão, ela teve de fazer um adendo: “Pessoal, esse texto é meu, não do Lewis. Por isso o título que dei é ‘Trecho NÃO escrito das Cartas do inferno'”. Apesar do alerta, o texto viralizou em outras plataformas com o enunciado que o atribui a Lewis. Procurada pelo G1, Camila esclarece: “Meu texto é apenas um texto, não faz parte de livro algum. Foi inspirado em Lewis, em sua obra ‘Cartas do Inferno’. Mas qualquer pessoa que preste atenção ao que escrevi percebe que não é possível um diálogo numa mesma carta”, diz.

(3) É #FAKE que vídeo mostre médicos comemorando fim da pandemia em Israel
O vídeo que mostra médicos e enfermeiros com roupa hospitalar dançando em meio a macas e equipamentos de saúde, na verdade, foi publicado em abril na página do Centro Médico de Tel Aviv. Uma legenda que acompanha o vídeo verdadeiro diz: “Pouco antes do Sêder, a equipe médica de emergência alivia a tensão e começa a dançar”. O Sêder de Pessach é um jantar cerimonial na primeira noite ou nas duas primeiras noites do Pessach, a páscoa judaica. Israel declarou quarentena obrigatória durante a Páscoa judaica para conter a propagação do coronavírus.

Diferentemente do que dá a entender a mensagem, Israel tem registrado um aumento de casos da doença. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, estuda, inclusive, aumentar as restrições para cessar a curva. O jornal “The Times of Israel” diz que os hospitais estão sob pressão e que profissionais de saúde estão alarmados.

(4) É #FAKE que Doria propôs que idosos sejam os primeiros a ser testados com a vacina contra o coronavírus
No último dia 11, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou a parceria do Instituto Butantan, do governo, e do laboratório chinês Sinovac Biotech para o início dos testes com a CoronaVac em 9 mil voluntários, mas não mencionou o perfil etário dos participantes. Procurado pela CBN, o instituto esclarece: “[…] os protocolos clínicos de testagem e os respectivos perfis de voluntários para futuro recrutamento ainda não foram divulgados pela instituição nem pelo governo do estado de São Paulo. Portanto, não há qualquer afirmação com relação a estes perfis”.

A mensagem falsa ainda diz que aposentados serão “cobaias” e ganharão R$ 1.500 pelo teste. Pela legislação brasileira, é proibido receber dinheiro em troca de participação em pesquisas científicas. A respeito do uso da palavra “cobaia”, cabe esclarecer que os brasileiros não serão os primeiros a serem testados no mundo. A CoronaVac já foi ministrada em cerca mil pessoas saudáveis, com idades entre 18 e 59 anos, na China. Ainda não se sabe se a faixa de idade no Brasil será a mesma. Vale ressaltar que não serão só paulistas que receberão a vacina, mas pessoas de outro estados também. Se for comprovada a eficácia da vacina, a imunização será produzida pelo Butantan e distribuída já em junho de 2021 pelo Sistema Único de Saúde, conforme previsão do governo de São Paulo.

(5) É #FAKE que edição de revista publicada em 2003 fale do novo coronavírus
O vídeo mostra um homem folheando a edição da revista “Saúde”, de maio de 2003, que tem uma reportagem sobre a Sars (a Síndrome respiratória aguda grave, também causada por um vírus), chamada no texto de “pneumonia asiática” e surgida no fim de 2002. Ele afirma se tratar do mesmo coronavírus identificado em dezembro de 2019. Só que os dois vírus são diferentes, mesmo que ambos surgiram na China, se propagam da mesma maneira, pelo contato interpessoal, através de gotículas que contêm o vírus, e causam infecções respiratórias, com sintomas parecidos com o da gripe.

O pneumologista Rodolfgo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle explica: “Aquela epidemia foi debelada na época e ficou restrita a China e países vizinhos. A atual é de uma nova variedade de coronavírus, que tem entre suas características uma capacidade cerca de dez vezes maior de disseminação pela transmissão pessoa a pessoa. Muito do que se fez no início da atual epidemia foi baseado no conhecimento daquele episódio. Para o Sars-Cov-1 também não havia vacina nem tratamento.”

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, aponta: “O Sars-CoV-1 apareceu em 2002 e 2003 e depois desapareceu. Não tivemos mais registros. O Sars-CoV-2 tem 85% de semelhança genética aproximadamente com ele, e já está durando mais tempo. Por conta dessa semelhança ele recebeu esse mesmo nome […] As medidas recomendadas na época são as mesmas de hoje: evitar aglomeração e limpar as mãos. A diferença é que não se falava do uso de máscara por toda a população, como agora. Se não tivéssemos o conhecimento gerado por epidemias anteriores de doenças respiratórias graves, teríamos muito mais gente doente e morrendo agora”.

Por conta do compartilhamento da informação falsa sobre a reportagem de 2003, a revista Saúde fez um comunicado esclarecendo que não se trata do mesmo vírus, e que não é verdade “que as autoridades sabiam da ameaça há muito tempo e não fizeram nada” nem que o novo vírus não seja motivo de preocupação.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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