Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 2 fake news foram esclarecidas, 1 realizada pelo Portal Globo.com e outra pelo Portal UOL no dia 21 de agosto. São elas:
(1) É #FAKE que estudo feito em 2005 comprova eficácia da cloroquina contra a Covid-19
A informação falsa se baseia em um trabalho de pesquisadores de Atlanta, nos Estados Unidos, e de Montreal, no Canadá, divulgado em 2005 no “Journal of Virology”, uma publicação especializada. A pesquisa concluiu que a cloroquina tinha ação contra o Sars-CoV, o vírus causador da Síndrome Respiratória Aguda, identificado em 2002. Trata-se de um coronavírus, mas não o mesmo que provoca a Covid-19 – tanto que eles ganharam nomenclaturas diferentes. Ainda assim, a eficácia da cloroquina foi atestada pelos cientistas só em laboratório, numa fase pré-clínica, portanto não em humanos. Para ser considerado seguro e eficiente, e aprovado para utilização pela população, um remédio deve passar por outras fases.
O texto que circula diz: “Todos os virologistas já sabiam. Este artigo saiu no Jornal de Virologia de 2005! Cloroquina previne e cura há mais de 15 anos”. Só que o trabalho relata o seguinte: “A cloroquina tem fortes efeitos antivirais na infecção por Sars-CoV de células de primatas. Esses efeitos inibitórios são observados quando as células são tratadas com o fármaco antes ou depois da exposição ao vírus, sugerindo vantagem profilática e terapêutica”. Ou seja, são células de macaco, cultivadas em laboratórios. Na conclusão, os pesquisadores deixam claro que “a cloroquina é eficaz na prevenção da propagação do Sars-CoV em cultura de células”, ou seja, ‘in vitro’.
O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, lembra que é comum na ciência que resultados preliminares promissores não sejam corroborados por fases seguintes de testes. “No ser vivo, existem muitos fatores que influenciam na ação de um medicamento ou vacina. As enzimas, os anticorpos, as proteínas e as concentrações de outras substâncias podem atuar de maneira negativa ou positiva. ‘In vivo’ não necessariamente a gente comprova o que viu ‘in vitro’. Isso é um fato comum na ciência”, descreve.
(2) Relação entre vibração alta e covid-19 não tem comprovação científica
Texto que circula em sites relacionados à autoajuda ou tratamentos alternativos, redes sociais e plataformas de troca de mensagens como WhatsApp usa informações sem comprovação científica para alegar que a “covid tem uma vibração de 5,5 hz e morre acima de 25,5 hz”. O material também sugere que ânimo e sentimentos são capazes de enfraquecer o SARS-CoV-2: “Para os seres humanos com vibração mais alta, o vírus é uma gripe simples”.
A equipe do Comprova entrou em contato com a psicóloga Eluise Dorileo, autora de um texto publicado em 29 de junho que parece ser uma das fontes do conteúdo que circula atualmente por WhatsApp. Ela admitiu que “não há comprovação, (…) apenas estudos baseados em frequência energética base”. Quando enviamos questionamentos sobre o que é frequência energética base e quem são alguns autores mencionados por ela, escreveu: “Por gentileza, vá pesquisar”.
A pesquisa sobre a frequência de sentimentos e emoções nos levou até o trabalho do autor de autoajuda norte-americano David R. Hawkins. Ele é o criador da escala Hawkins, que classifica sensações como raiva, amor, ódio, paz, orgulho e vergonha em hertz — unidade de medida de frequência na Física. A tabela está no livro Poder vs Força. O trabalho de Hawkins não é reconhecido pela comunidade acadêmica.
O texto sobre a relação entre o novo coronavírus e a frequência dos sentimentos não é recente. Em maio, a Associação Brasileira dos Terapeutas Holísticos (Abrath) já havia publicado um alerta nas redes sociais sobre o material.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


