Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 20 de Abril. São elas:
(1) É #FAKE que Moro anunciou investigação da PF e mortes por coronavírus passaram a cair
O Ministério da Justiça diz que o até então ministro Sergio Moro não fez nenhuma manifestação a respeito da frase: “Milagre! Logo após o ministro Sergio Moro anunciar que a PF vai investigar os óbitos pela Covid-19, o número de mortos cai em todo o país!”. A Polícia Federal também garante que não anuncia a existência de uma investigação em andamento, reforça que as ações e operações são divulgadas oficialmente no site da corporação e informa: “Qualquer informação que circule nas redes sociais em nome da Polícia Federal que não tenha partido de nossos canais oficiais é de total responsabilidade de quem a divulgou”. Considerando os dados mais recentes de letalidade do coronavírus no país, referentes ao mês de abril, também não é possível afirmar que o número de mortos está caindo. Em 14 e 18 de abril, por exemplo, dados das secretarias estaduais de saúde apontam que o país chegou a ter mais de 200 mortes confirmadas em cada um dos dias. Esses números, na verdade, oscilam. No início do mês de abril, os mortos não passavam de 90 por dia. O número subiu para quase 130 no dia 7 de abril, oscilou nos dias seguintes e voltou a subir e a oscilar posteriormente. Ou seja, não é possível dizer que há uma tendência de queda.
(2) É #FAKE que máscaras importadas da China são distribuídas contaminadas com o novo coronavírus
A informação falsa que diz que máscaras importadas da China estão sendo distribuídas contaminadas com o novo coronavírus e que, por isso, devem ser evitadas ou, se usadas, precisam ser lavadas com água sanitária se refere às milhões de máscaras compradas pelo Ministério da Saúde na China como parte de um lote de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais de saúde – e não para a população em geral. Governos estaduais também adquiriram equipamentos para médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da saúde. Em nota, o Ministério da Saúde diz que não há qualquer evidência de nada do exposto na mensagem falsa e explica: “Os vírus geralmente não sobrevivem muito tempo fora do corpo de outros seres vivos, e o tempo de tráfego destes produtos costuma ser de muitos dias”. Um estudo realizado por cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Universidade da Califórnia, de Los Angeles e de Princeton, e publicado em março na revista científica “New England Journal of Medicine” atestou a impossibilidade da resistência do vírus por muito tempo. O trabalho avaliou a resistência do novo vírus em cinco materiais diferentes, e concluiu que ele resiste mais em materiais como aço inox e plástico (3 dias), e menos em papelão (um dia) e cobre (4 horas).
O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz: “Não é preciso esterilizar a máscara, ela vem pronta para uso. Elas não são esterilizadas, nem necessitam ser. E tem outro detalhe: se alguém está preocupado com o produto chinês, está redondamente enganado. Hoje, tem muito mais coronavírus circulando aqui do que lá. Então se for se preocupar, se preocupa com produto brasileiro, não chinês”. O pneumologista Rodolfo Berhsin Hugg, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, aponta: “Esse risco é totalmente infundado. Essas máscaras são vistoriadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária na entrada no país e, caso ocorresse contaminação, elas seriam recusadas”. Ele ainda diz: “A informação também não se justifica quando se refere aos Estados Unidos. Eles possuem critérios de qualidade bem elevados, e as máscaras seriam recusadas também. Imaginem a repercussão se as autoridades americanas identificassem uma irregularidade dessa magnitude?” e ratifica que não há qualquer necessidade de limpeza do material antes de usar, basta posicionar máscara no rosto: “Higienizar pode, inclusive, destruir as máscaras”. A pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública, lembra que não há relatos na literatura médica de contaminação pelos EPIs e explica: “Essa hipótese é absurda. O uso de água sanitária é para lavagem das máscaras caseiras. As máscaras de uso em ambientes de saúde passam por controles de qualidade e não são ‘lavadas’ com água sanitária. O que ocorre é que, mesmo utilizando EPI, é possível que o profissional se contamine ao colocá-los ou retirá-los. Por isso, há uma técnica para a utilização correta”.
Uma das mensagens se refere especificamente ao estado de Alagoas, e alerta que a população não deve aceitar máscaras distribuídas nos postos de saúde. Só que, segundo as secretarias de Saúde do estado e da capital, Maceió, não há distribuição de máscaras em residências por agentes de saúde. Os órgãos ainda garantem a procedência confiável das máscaras que vêm sendo adquiridas aos profissionais. A Secretaria de Saúde do município do Rio de Janeiro também diz que o áudio que circula na internet, pedindo para que as pessoas recusem máscaras a serem distribuídas pelo poder público, é “fake news”. Segundo o órgão, a prefeitura vai priorizar a proteção dos profissionais de saúde e de outras categorias que precisam continuar trabalhando nesse momento. Além disso, no início do mês de Abril, a prefeitura anunciou a contratação de 600 costureiras para a confecção de 1,8 milhão de máscaras de pano para a população. Ou seja, não houve importação de máscaras da China neste caso. Além dessa primeira iniciativa, o poder público municipal também anunciou no dia 18 de Abril a distribuição de mais um milhão de um modelo novo de máscara. Esses equipamentos são de celulose, biodegradável e com design mais eficiente, para evitar a contaminação do lado interno. As máscaras são descartáveis e duram um dia de uso, segundo a prefeitura. Sobre as máscaras feitas de pano, por costureiras e indicadas para a população, a infectologista Fávia Gibara lembra que é importante lavá-la antes da primeira utilização e sempre que ela for utilizada na rua e alerta: “Eventualmente, essa máscara pode ter sido feita naquele mesmo dia por uma pessoa assintomática que tenha o vírus. Então, toda máscara de tecido tem que ser higienizada antes de ser vestida e a cada uso”.
(3) É #FAKE que foto mostre jovem sendo pisoteada por policial em meio à pandemia do coronavírus no Ceará
A foto de uma jovem com o rosto coberto caída no solo e pisoteada por um policial montado em uma motocicleta foi registrada na Venezuela em 2017 pelo fotógrafo Miguel Gutiérrez, da agência Efe. A motocicleta do policial tem a inscrição GNB, de Guarda Nacional Bolivariana. A jovem fotografada é a estudante de direito Paula Colmenarez, que participava das manifestações contra Nicolas Maduro. Jornais da Venezuela exibiram a imagem na época. Em outra imagem, a jovem aparece com uma bandeira da Venezuela cobrindo o rosto. Um dos jornais locais mostra que o pai da jovem estudante agradeceu ao fotógrafo que fez a imagem.
(4) É #FAKE que imagens mostrem Doria participando de festa em Araçatuba em meio a quarentena
Na verdade, as imagens que mostram o governador de São Paulo, João Doria, em uma festa em Araçatuba, no interior do estado, usadas nas mensagens falsas são antigas e não têm relação com a atual crise da Covid-19 no estado de São Paulo. Uma delas é de uma visita do governador a uma empresa de Araçatuba em novembro de 2019. Ele mesmo registou o evento em seu perfil verificado do Twitter. Há uma outra foto tirada no ano passado e outra feita em 2010. O governo de São Paulo informa que, ao contrário do que foi publicado em redes sociais, o governador João Doria não esteve em Araçatuba nem participou de um churrasco em um rancho na cidade e informa: “O governador passou o final de semana com a sua esposa e filhos”.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


