19.08.2020 – Notícias classificadas como Fake News

19 de agosto de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 4 fake news foram esclarecidas, 2 realizadas pelo Portal Globo.com e outras 2 pelo Portal UOL no dia 19 de agosto. São elas:

(1) É #FAKE que foto mostre Doria em cadeira de rodas ao lado de pessoas sem máscara após pegar Covid-19
A imagem do governador João Doria em uma cadeira de rodas acompanhado de um grupo de pessoas sem máscaras é antiga e foi adulterada. A original foi feita em 2017, pelo fotógrafo Mário Angelo, da Folhapress, e mostra Doria, então prefeito de São Paulo, fazendo um percurso de 100 metros em uma cadeira de rodas na Zona Norte da cidade, para testar a acessibilidade das calçadas. Na foto verdadeira, Doria usa uma camiseta com a expressão “Calçada nova”. Na versão falsa, as palavras na vestimenta foram trocadas por “Eu amo ozônio”. A inscrição adulterada faz uma ironia. Isso porque a aplicação da ozonioterapia via retal ganhou repercussão após uma fala do prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, que defende a técnica sem nenhuma comprovação científica.

(2) É #FAKE que neurocientista britânico concluiu que maioria da população é imune ao coronavírus e que distanciamento social é inútil
A mensagem falsa tem uma foto de Karl Friston, um conceituado pesquisador da University College London, numa entrevista, e afirma que “um dos melhores estudos sobre a Covid-19 concluiu que a maioria das pessoas é imune ao vírus”, que “a política de fechar tudo foi baseada em ciência falha”, e que “as consequências danosas à sociedade serão sentidas por décadas”. Procurado pela CBN, Friston esclarece que não é autor de uma publicação a este respeito e que não deu essas declarações. “Estão afirmando nas redes sociais que eu disse que ‘80% da população mundial é imune à Covid-19 e que, portanto, o bloqueio era inútil’. Mas isso é falso”, afirma o cientista, que é especialista em modelos computacionais e vem se debruçando sobre os dados da pandemia.

“Suspeito que esses 80% (da mensagem falsa) se referem a uma estimativa aproximada das pessoas que não estão expostas ao vírus e que, se forem expostas, não serão suscetíveis à infecção, e ainda que forem suscetíveis à infecção terão um quadro leve, e não estão participando da transmissão”, diz, aludindo a uma constatação a que médicos chegaram desde o início da pandemia, na China, há oito meses, de que somente uma minoria dos infectados desenvolve formas graves da Covid-19. “A implicação dessa heterogeneidade na população é que podemos exigir apenas 20% de soroprevalência para imunidade de rebanho. Esta pode ser uma fonte da referência de 80%. Mas nunca afirmei que o lockdown fosse inútil”, explica Friston, que publicou um trabalho, com colegas, sobre a disseminação do coronavírus tendo por base dinâmicas populacionais. Nele, em nenhum momento há a afirmação de que a quarentena de nada serve para se conter a infecção das pessoas pelo Sars-CoV-2. “Na verdade, meu trabalho científico nesta área sugere que o distanciamento social é importante, e interage com a imunidade da população e com outros fatores de mitigação da propagação do vírus”, afirma, em e-mail, à CBN.

(3) Enfermeiro distorce dados para dizer que ivermectina evita mortes
São falsas as afirmações de um enfermeiro em um vídeo no Facebook sobre o uso da ivermectina no combate à covid-19. Ele diz que a droga salva vidas, que há estudos que provam sua eficácia e que a Etiópia e a Austrália têm poucos casos do novo coronavírus porque fazem o uso profilático do remédio. Entretanto, não há nenhuma pesquisa que tenha comprovado o sucesso da ivermectina para salvar vidas de pacientes com covid-19 – o estudo que o enfermeiro cita no vídeo ainda nem chegou à fase de teste em humanos, conforme a Universidade Monash, responsável pelo ensaio, informou ao Comprova. Tampouco Etiópia e Austrália distribuíram ivermectina para a população, como mencionado na gravação. Os governos dos dois países não indicam a droga no combate à doença e decretaram diversas medidas contra o vírus, como isolamento social e restrição de viagens.

Em contato com o Comprova, o enfermeiro Anthony Ferrari Penza, autor do vídeo, disse que “as evidências sobre a ivermectina estão nos estudos in vitro que deram resultados e também na pesquisa observacional em pacientes que pelo uso do medicamento contraíram a covid-19 e foram assintomáticos ou tiveram sintomas leves”. A equipe pediu que ele enviasse as pesquisas que concluem que a ivermectina é eficaz contra a covid-19, mas ele enviou apenas um documento, que não prova a eficácia da droga. O vídeo foi retirado da plataforma.

(4) Estudo da USP analisa eficácia da colchicina e não da cloroquina
É falsa a publicação que circula na internet intitulada “Estudo da USP confirma eficácia da hidroxicloroquina. Nome do medicamento é suprimido nas manchetes”. O texto, inicialmente publicado no blog Quinina, distorce dados de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) para defender medicamentos sem comprovação funcional no tratamento da covid-19. A publicação foi compartilhada pelo procurador da República Ailton Benedito, aumentando seu alcance.

O foco do estudo citado são os possíveis benefícios da colchicina para o tratamento da covid-19. Por isso, uma parte dos voluntários recebeu a droga e a outra, não. Isso serve para comparar os resultados obtidos por ambos os grupos. Ou seja, esse era o objeto do estudo.

A hidroxicloroquina junto com a azitromicina, medicamentos citados pelo blog, foram prescritas a todos os voluntários porque esse era o protocolo de tratamento padrão adotado no hospital onde e quando o estudo foi feito. Ao Comprova, os autores disseram que “é errôneo dizer que o presente estudo avaliou eficácia da hidroxicloroquina, da azitromicina ou da heparina”.

Tentamos contato com o editor do blog, J. A. Campetti Nieto, e com o procurador Ailton Benedito. O primeiro disse que o artigo não era de sua autoria e que repassou as perguntas do Comprova a quem escreveu. O segundo não retornou até a publicação desta checagem.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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