Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 18 de Maio. São elas:
(1) É #FAKE que vídeos mostrem pessoas se passando por agentes de saúde para contaminar a população
A imagens de pessoas com crachás e testes de detecção da Covid-19 sendo abordadas na rua são, na verdade, de entrevistadores do Ibope que participam da EPICOVID19-BR, uma pesquisa intitulada “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional” de abrangência nacional tocada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, com financiamento e divulgação na página na internet do Ministério da Saúde. O objetivo das visitas domiciliares que vêm sendo feitas é mapear o alcance da Covid-19 em território nacional por meio de testes rápidos de sangue e questionários. Não há viés ideológico no levantamento de dados, tampouco risco de contaminação pelo vírus, como afirmam as mensagens falsas compartilhadas desde que o estudo teve início. A participação não é compulsória e só quem aceita é testado e responde ao questionário.
O ministério esclarece, em nota, que cada uma das 133 cidades incluídas recebe 16 entrevistadores, que chegam de carro às casas. O veículo vermelho com os entrevistadores que tem viralizado nas redes é um deles. Há ainda vídeos que mostram os profissionais contratados colocando os itens de proteção. Sobre a questão da desinformação a respeito das visitas, a pasta informa que oficiou as secretarias estaduais de Saúde sobre a realização da pesquisa, e que também foi enviada uma notificação ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde e ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, para que as instâncias estaduais e municipais informassem a população da dinâmica do estudo. A primeira parte das coletas acaba nesta terça (19). As visitas seguirão entre 28 e 29 de maio, e voltam entre 11 e 12 de junho. Os entrevistadores fazem o teste sanguíneo rápido nos residentes e aplicam um questionário para checar possíveis sintomas da Covid-19 nos 30 dias anteriores e também saber da existência de doenças preexistentes.
Num dos vídeos virais, uma mulher, receosa, pergunta a uma entrevistadora se ela é enfermeira; ao ouvir a negativa, diz que ela então não pode aplicar os testes. A respeito disso, o Ibope Inteligência, braço do Ibope a cargo do trabalho de campo, informa que, junto com a universidade, consultou a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, do Ministério da Saúde (instância que avalia aspectos éticos das pesquisas que envolvem seres humanos no Brasil), e recebeu autorização para que entrevistadores não formados em enfermagem possam participar; isso, por se tratar de um procedimento simples.
(2) É #FAKE que juiz Marcelo Bretas fez post defendendo uso de remédio experimental e falando em hospitais de campanha superfaturados
O falso tuíte “O ‘problema’ com a hidroxicloroquina é que ela torna desnecessários os milhões gastos com compras de respiradores e construção de hospitais de campanha superfaturados. O resto é conversa fiada de psicopatas corruptos em busca de poder e que não estão preocupados em salvar vidas” atribuído ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, foi desmentido pelo próprio em seu perfil no Twitter. A conta que aparece como a responsável pela postagem no print, aliás, não é a oficial de Bretas (apesar do nome e da foto).
Também há as mensagens que dizem que a liberação de um novo protocolo vem sendo impedida porque autoridades públicas têm interesse tanto em manter a população em estado de pânico com a pandemia quanto em superfaturar obras e equipamentos hospitalares. De fato, há denúncias de irregularidades, como no caso do Rio de Janeiro. O secretário de Saúde, Edmar Santos, foi, inclusive, exonerado em meio a um escândalo envolvendo fraudes na licitação para compras de respiradores. Mas não há evidências de que as autoridades de saúde estejam retardando medidas que possam salvar a população da Covid-19 – especialmente no que diz relação ao remédio em si. Até porque os estudos mostram que a cloroquina não tem eficácia no tratamento do coronavírus.
(3) É #FAKE que vídeo mostre presos sem máscara em fila para receber auxílio em banco no meio da pandemia
Segundo o Banco do Brasil, o vídeo que mostra presidiários algemados sem máscara entrando em uma agência do Banco do Brasil foram feitas há pelo menos dois anos e gravado no Maranhão. No Facebook, há uma publicação de novembro de 2018 com o mesmo vídeo, o registro mais antigo encontrado por meio de uma busca reversa por imagem no Google. A legenda diz que são “presos da penitenciária de São Luís do Maranhão indo abrir contas no banco”. O Banco do Brasil explica que presta serviços para o INSS e faz o pagamento do auxílio-reclusão aos detentos, um benefício pago pelo INSS aos dependentes de uma pessoa presa em regime fechado ou semiaberto, desde que ela trabalhe, contribua para a Previdência e seja de baixa renda. Quem recebe o auxílio-reclusão, aliás, não tem direito ao auxílio emergencial pago pelo governo federal durante a pandemia. Em nota, a assessoria de imprensa do Banco do Brasil, afirma: “Em alguns estados, [fazemos o pagamento] por meio do cartão de pagamento de benefícios, modalidade que demanda comparecimento ao banco para criação de senha de acesso uma única vez. O banco iniciou a mudança nessa sistemática para que o atendimento presencial seja dispensado”.
(4) É #FAKE que Ministério da Saúde repassa R$ 12 mil a hospitais por cada morte por Covid-19
O Ministério da Saúde esclarece que não faz “repasse de verba por registro de morte”. Em nota oficial à CBN, informa: “A pasta realiza o repasse de recursos para ações e serviços públicos de saúde. Esta verba é usada por secretarias estaduais e municipais de saúde para custeio dos serviços, aquisição de insumos básicos para o funcionamento dos postos de saúde e de hospitais, por exemplo, além de proporcionar equipamentos e recursos humanos a estados e municípios”. A médica Ligia Bahia, especialista em saúde pública, ratifica: “A afirmação não faz o menor sentido. O sistema de transferência de recursos do Ministério da Saúde para secretarias estaduais e delas para as municipais está relacionado com o número de habitantes, de hospitais, de equipes de saúde da família. Esses são os critérios para alocação de recursos. O número de óbitos, que depende do tamanho da população e do espalhamento dos casos, não é critério. Isso nem no Brasil nem em qualquer lugar do mundo. Jamais aconteceu, e é algo que não muda durante a pandemia. Quanto aos critérios de remuneração, sempre são os números de intervenções, consultas, exames realizados. São dados de atendimento. Óbito não é objeto de transação pecuniária, nem poderia ser”.
Os números divulgados não estão superestimados, pelo contrário. Segundo o último levantamento do G1 junto às secretarias estaduais de Saúde, foram registradas no Brasil mais de 16 mil mortes provocadas pela Covid-19. Um estudo do grupo Covid Brasil, integrado por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e de outras instituições renomadas, sugere ainda que o número de casos é 16 vezes maior que o oficial. Segundo o levantamento, já existem 3,5 milhões de brasileiros contaminados pela Covid-19. O Ministério da Saúde diz que já liberou R$ 11 bilhões em ações contra o coronavírus, inclusos aí repasses diretos de recursos para estruturação dos serviços de saúde, além de aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para profissionais de saúde, de testes para diagnóstico, medicamentos, respiradores, contratação de pessoal e habilitação de leitos de UTI.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


