16.04.2020 – Notícias classificadas como Fake News

7 de Maio de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 16 de Abril. São elas:

(1) É #FAKE que vídeo mostre corpos de vítimas da Covid-19 em praias do Peru e do Equador
O vídeo que mostra cadáveres ao longo de uma praia é de 2014 e, na realidade, mostra corpos de vítimas de um naufrágio de um barco que transportava imigrantes ilegais africanos na Líbia. Um vídeo do canal de televisão Euronews afirma que mais de 100 corpos de migrantes foram levados para a praia na Líbia e recuperados pelas autoridades do país, após uma semana do naufrágio no mar. Apesar da mensagem falsa, o Equador é, de fato, um dos países da América Latina mais atingidos pela pandemia do coronavírus. Como os sistemas de saúde e funerário entraram em colapso, cadáveres demoram a ser recolhidos. E há corpos abandonados por famílias em vias públicas.

(2) É #FAKE tabela com dados de mortalidade de janeiro a março do DataSUS comparando doenças à Covid-19
A imagem falsa mostra números de mortes por Covid-19 e também por outras causas, como doenças cardíacas, cerebrovasculares, violência, trânsito, entre outras. De acordo com a tabela, as mortes foram retiradas do “PORTAL DATA-SUS”, mantido pelo Ministério da Saúde, e são relativas aos meses de janeiro a março de 2020. Já as por Covid-19, segundo o texto, são as disponíveis até 10 de abril de 2020. Os números são todos falsos, isso porque os dados mais recentes de causas de mortalidade disponíveis no DataSUS são relativos ao ano de 2018. Em nota, o Ministério da Saúde informa que a tabela “não corresponde à realidade”, pois “os dados de óbitos são notificados ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e são fechados a cada dois anos”. O número de mortes por Covid-19 também está errado, pois até o dia 10 de abril, 1.074 pessoas tinham morrido em função do vírus. O Ministério da Saúde também afirma que a comparação entre as causas de morte feita na tabela é incorreta e explica: “é equivocado o tipo de comparação entre as causas de óbitos apresentado pela tal postagem. Isso porque pacientes que vieram a óbito poderiam ter mais de uma comorbidade. Já em relação à Covid-19, várias são as comorbidades associadas nos casos dos pacientes que vieram a óbito. Desta maneira, fazer tal comparativo torna-se inviável”. Além disso, a primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil só ocorreu no dia 17 de março e a curva de óbitos ainda está crescente – o que a faz a comparação ainda mais sem sentido.

(3) É #FAKE que vídeo mostre policiais imobilizando idosa por descumprir isolamento social em SP
O vídeo que mostra uma mulher sendo abordada por agentes de segurança foi gravado em dezembro de 2019 bem antes do primeiro caso da doença registrado no Brasil no final de fevereiro. Além disso, as cenas, na verdade, mostram a abordagem de uma ambulante por guardas civis municipais em Sorocaba, no interior de São Paulo, ou seja, também não há policiais envolvidos na ação e, portanto, não há qualquer ingerência por parte do governo, outra das alegações da mensagem falsa. Noticiado na época pelo G1, a mulher que vendia água foi detida por guardas civis municipais depois de resistir à apreensão de suas mercadorias e desacatar os agentes. A apreensão ocorreu porque ela estava atuando irregularmente, segundo a Prefeitura de Sorocaba. A mulher foi conduzida à delegacia, ouvida e liberada. A prefeita de Sorocaba mandou a Corregedoria apurar a ação dos agentes.

(4) É #FAKE que estudo realizado em Harvard indica que isolamento social não é bom para conter o avanço do novo coronavírus
Dois estudos recentes realizados por um mesmo grupo de pesquisadores de Harvard, nos Estados Unidos, “Projetando a dinâmica de transmissão do SARS-CoV-2 no período pós-pandemia” e “Estratégias de distanciamento social para conter a epidemia de Covid-19” – dizem exatamente o oposto da mensagem falsa: que o isolamento é necessário para reduzir a intensidade de transmissão do novo coronavírus. O grupo, inclusive, concluiu que o período de distanciamento pode ter de ser estendido até 2022, caso não surja uma vacina ou medicamento para tratar a Covid-19. Eles também mostram que intervenções pontuais para reduzir a quantidade de pessoas nas ruas não se mostram suficientes se o objetivo é não sobrecarregar o sistema de saúde. Segundo o virologista Rômulo Neris, da UFRJ, pesquisador visitante da Universidade da Califórnia: “Depois que o isolamento acaba, o vírus é capaz de reentrar na sociedade e causar um número de casos similar ao de um cenário sem isolamento. Isso porque o vírus não é eliminado da população. Resumindo: a solução não é não ter só isolamento, e sim fazê-lo períodos intermitentes”.

Outro erro contido na mensagem falsa que tem sido compartilhada é dizer que os pesquisadores de Harvard concluíram que o modelo frouxo de distanciamento adotado na Suécia é eficaz contra a disseminação do novo vírus. Na opinião de especialistas em saúde europeus, o governo sueco errou na condução da crise. As autoridades não determinaram isolamento social comparável às de seus pares no continente. Mesmo diante do aumento no número de casos experimentado no mês de Março, tomou apenas iniciativas como proibir aglomerações públicas de mais de 50 pessoas, fechar faculdades e sugerir o trabalho de casa. O temor maior era o impacto econômico de se parar a circulação e as atividades nas cidades. Em uma entrevista a um canal de TV no sábado passado, o primeiro-ministro do país, Stefan Löfven, afirmou que o país não estava preparado para a epidemia de Covid-19. O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, reforça: “O isolamento pode gerar ansiedade, mas de fato reduz a propagação da Covid-19, pois o vírus depende de contato entre pessoas para se espalhar, assim como o sarampo, a gripe. Na Suécia, o que se viu recentemente foi a aceleração da pandemia, e eles estão justamente revendo isso. Se as pessoas estão próximas, o vírus se dissemina uma a uma”.

(5) É #FAKE que Bill Gates escreveu carta aberta que diz que, apesar de muitos verem como um desastre, o coronavírus é um grande corretor
A carta aberta que termina com a frase “Enquanto muitos veem o coronavírus como um grande desastre, prefiro vê-lo como um grande corretor” foi publicada originalmente em chinês, viralizou nas redes sociais do país asiático e acabou traduzida para o inglês e diversos outros idiomas, como o português. Ela tem 14 tópicos e frases como: “[O coronavírus] está nos lembrando que somos todos iguais, independentemente de nossa cultura, religião, ocupação, situação financeira ou quão famosos somos. Esta doença trata todos nós igualmente. Se você não acredita em mim, basta perguntar a Tom Hanks”. O ator foi um dos que contraíram a Covid-19. Por ter sido atribuída falsamente ao empresário Bill Gates, a Fundação Bill e Melinda Gates fez um desmentido oficial, inclusive, um post na rede social Weibo, espécie de Twitter chinês, pedindo para que as pessoas parem de compartilhar a carta como se fosse de autoria do fundador da Microsoft. O The Sun, que publicou a carta, pediu desculpas, confirmou que o artigo foi removido e disse que divulgou por engano uma história de paródia que estava circulando por e-mail. A modelo Naomi Campbell também fez um post com a carta agradecendo a Bill Gates e uma de suas seguidoras, nos comentários, afirmou: “Quem se importa se é fake. É linda [a carta]. Obrigada por compartilhar”.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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