Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 14 de setembro. São eles:
(1) É #FAKE foto de banhista usando máscara de proteção contra o coronavírus durante mergulho
Circula pelas redes sociais uma foto de uma banhista com o corpo mergulhado até os ombros na água e com uma máscara similar às utilizadas nos últimos meses para proteção contra o novo coronavírus. Uma legenda diz: “Quando você achar que é um idiota, olhe essa imagem”. A foto da mulher com a máscara na água é uma montagem. A foto original foi manipulada digitalmente para inserir o item de proteção no rosto da modelo. Uma busca reversa na TinEye mostra que a foto original, feita em 2014, muito antes da pandemia, está em bancos de imagem como Lori e Getty Images. A jovem está mergulhada no Mar Mediterrâneo. A boca e o nariz estão descobertos, não em uma, mas em várias poses. O crédito aponta para o fotógrafo russo Vladimir Grigorev. Uma busca reversa da imagem da jovem com máscara na água no Google mostra que a mensagem falsa circula também em outros países e idiomas.
(2) É #FAKE que uso de máscara eleva inalação de dióxido de carbono para nível acima do suportado pelo organismo humano
Circula nas redes sociais um vídeo que diz que o uso da máscara de proteção contra o coronavírus aumenta a inalação do dióxido carbono a um nível superior ao que o ser humano suporta. No vídeo, feito no exterior, uma criança usa uma máscara N95 – que não é recomendada para a população em geral, e sim para profissionais de saúde –, e um homem faz uma medição de partículas de gás carbônico inaladas, com um sensor. As imagens são narradas por um brasileiro, que afirma que a inspiração de dióxido de carbono chega, com a máscara, a 10 mil partículas por metro cúbico, caracterizando um quadro de intoxicação. O narrador diz que, ao usar a máscara, ele sente com recorrência fadiga, dor de cabeça e dificuldade para dormir, e isso se dá pelo acúmulo do gás. “Acima de 10 mil, o ar que você respira passa a ser um veneno. Se a criança ficar respirando por muito tempo assim, vai ter dor de cabeça, fadiga e falta de oxigenação no cérebro. Você está inalando 20 vezes mais o que nosso corpo é preparado para aguentar”, narra.
Médicos entrevistados pela CBN refutam a afirmação de que a máscara pode levar à inspiração de gás carbônico acima do que é tolerado por humanos. Citam, inclusive, uma pesquisa já feita, antes da pandemia do coronavírus, com enfermeiras que usaram a N95, a mais vedada do mercado. No estudo, foi demonstrado que elas não foram intoxicadas. O médico José Rodrigues, pneumologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que é, sim, possível que haja um desconforto quando se usa a N95, especialmente no caso de pessoas que já tenham quadros de dificuldade de respirar. Mas isso não significa que seja algo além do suportável por seres humanos, e que haja risco de a pessoa se intoxicar.
“Esses vídeos trazem muita desinformação. Não são técnicos, e dá para ver perfeitamente a má intenção. Certas pessoas podem, sim, ter um pouco mais de sensibilidade. Por exemplo, pessoas obesas, ou quem tem alguma doença pulmonar crônica que prejudique a troca gasosa”, explica o médico. “Nesses casos, pode haver aumento na concentração de gás carbônico no sangue e isso causar dor de cabeça, sonolência, tontura. Mas não é algo perigoso, é perfeitamente reversível. Basta tirar a máscara um pouquinho, por alguns segundos. O organismo se reequilibra, e pronto, coloca-se de novo”, continua. Ele lembra que o método usado no vídeo não é o correto para aferir se há prejuízo para a concentração de gás carbônico no organismo de quem usa máscara. “Quando a gente utiliza a máscara, qualquer que seja, é claro que o ar não passa como se estivéssemos sem nada. É possível, sim, que haja concentração maior de gás carbônico. Mas isso não quer dizer que haja intoxicação. Para saber se é um nível danoso, tem que ver o nível de concentração no sangue, não na máscara, como é feito no vídeo”, assinala Rodrigues.
O médico ressalta que é completamente despropositado colocar uma máscara N95 numa criança. “Nem a Organização Mundial de Saúde, as sociedades médicas ou qualquer órgão oficial recomenda que a N95 seja usada pela população em geral, quanto mais numa criança. Esta máscara é para profissionais da área da saúde, que circulam em ambientes como hospitais e clínicas”, afirma. “E mesmo nesses casos”, ressalva Rodrigues, “a máscara já foi testada anteriormente em enfermeiras, que as utilizaram em plantões de 12 horas, tirando apenas em alguns momentos, para alimentação e ingestão de água, e foi visto que elas podem, de fato, aumentar um pouquinho o gás carbônico no sangue”. “Mas isso ocorre ainda dentro de níveis normais. Então nem assim elevam de forma perigosa. No vídeo, o tipo de máscara está completamente inadequado. Na máscara cirúrgica ou de tecido (mais usadas pela população), as fibras de algodão, poliéster ou outro tecido sintético permitem que a passagem do ar seja de forma bem mais livre.”
No vídeo, o homem afirma ainda que governadores e prefeitos têm “fetiche” pela máscara e pelo controle dos cidadãos, e que, por isso, determinaram a obrigatoriedade do uso do item de proteção pelo Brasil. Ele diz também que a Organização Mundial da Saúde não recomenda o uso do item para pessoas saudáveis. Isso não é verdade. A OMS indica que todas as pessoas, saudáveis ou contaminadas pelo coronavírus, usem a proteção facial, como medida coletiva de redução da propagação do vírus em locais onde a transmissão é comunitária – caso do Brasil.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


