Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 6 fake news foram esclarecidas, 1 realizada pelo Portal UOL e 5 pelo Portal Globo.com no dia 14 de Abril. São elas:
(1) Acusação de que China contaminou máscaras com coronavírus foi inventada
O áudio em que um homem que se identifica como Rodrigues Filho e diz ser cantor, compositor e estudante de Medicina afirma que as máscaras de proteção exportadas pela China estão infectadas com o novo coronavírus é falso. O Comprova entrou em contato por telefone com o autor da gravação, que não ofereceu nenhuma evidência de que isso seja verdade,afirmou que a fonte de suas alegações sobre máscaras importadas da China era “ele mesmo” e que a prova era “o próprio áudio”. O cantor disse ainda que todas as pessoas que estão com coronavírus foram infectadas por máscaras chinesas. A reportagem perguntou se ele tinha realizado testes em máscaras ou se ele mesmo tinha sido infectado, mas Rodrigues negou. Por WhatsApp, o Comprova voltou a pedir provas ao cantor, mas ele não ofereceu nenhuma evidência de qualquer tipo.
A reportagem também consultou o médico infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, que classificou o boato como “bobagem”. O especialista afirmou ser impossível que as máscaras chegassem infectadas da China e explicou: “Pelo tempo que demoraria a produção e o transporte da máscara, o vírus não sobreviveria”. Um estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine aponta que o SARS-CoV-19 (nome oficial do novo coronavírus) pode ser detectado por até 72 horas em superfícies de plástico e até 24 horas em papelão e concluíram que a quantidade de vírus cai exponencialmente ao longo do tempo. Desde o anúncio da compra de 240 milhões de máscaras da China para proteger profissionais de saúde que atendem pacientes com a covid-19 pelo Ministério da Saúde, os boatos sobre contaminação de máscaras têm circulado em aplicativos de mensagens e em perfis, páginas e grupos de redes sociais.
(2) É #FAKE que Mario Sergio Cortella fez texto dizendo que políticos não são culpados pela pandemia e que ninguém tem a solução para crise
Procurado pelo G1, o professor filósofo Mario Sergio Cortella nega que o texto “Atire no prefeito que fechou a cidade e mandou todos pra casa. Atire no presidente que pede pra abrir a cidade e a volta ao trabalho. Atire nos médicos que pedem o isolamento social para evitar o colapso no sistema de saúde. Atire nos economistas que pedem para voltar a rotina prevendo um colapso financeiro, capaz de causar mais mortes que o próprio vírus… O negócio é atirar pedras!”, com as primeiras versões terminado com “Autor desconhecido”, seja de sua autoria. Cortella também fez um post no Facebook dizendo não ser o responsável pelo que está escrito e vem sendo divulgado.
(3) É #FAKE foto que mostra Doria pichando símbolo comunista em muro
A imagem do governador de São Paulo, João Doria, pichando um símbolo do Partido Comunista em um muro é uma montagem sobre uma foto tirada quando Doria, então prefeito de São Paulo, pintou um coração em um muro no Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo, para marcar a inauguração do primeiro mural do Museu de Arte de Rua, em 2017. A mesma foto de Doria já foi usada em outra mensagem falsa que dizia que ele apagou um mural do artista Eduardo Kobra na Avenida 23 de Maio para pintar um coração no lugar.
(4) É #FAKE que TV da Itália mostrou que novo coronavírus foi fabricado em laboratório chinês
A reportagem exibida pela emissora de TV italiana RAI em 2015 que trata de testes com um vírus na China por cientistas para fins de estudo, na verdade, se baseia num estudo publicado em novembro de 2015 pela conceituada revista científica britânica “Nature” por um grupo da Carolina no Norte, nos Estados Unidos, em colaboração com cientistas de Wuhan, na China – local onde, no fim do ano passado, foi identificado o início do surto do novo coronavírus. O problema é que, cinco anos depois, em meio à pandemia, a reportagem está sendo acompanhada por textos com inferências falsas, que afirmam que a China deu início a uma guerra biológica para derrubar a economia norte-americana.
Diante do compartilhamento da informação falsa mundo afora, a “Nature” fez um alerta recente de que o estudo está sendo usado para embasar teorias falsas sobre a pandemia. A própria TV italiana fez um novo programa no final de março entrevistando um dos responsáveis pelo estudo, que desmente categoricamente qualquer associação feita com o novo coronavírus. O virologista Rômulo Neris, da UFRJ, hoje pesquisador visitante da Universidade da Califórnia, explica: “Não há qualquer relação do vírus da reportagem com o surto atual de coronavírus. O que foi isolado em 2015 foi um coronavírus que era específico de uma espécie de morcego (e não o coronavírus que está circulando agora). Eles queriam saber se esse vírus era capaz de infectar humanos, já que nem todo coronavírus infecta células humanas. Descobriram que, sim, infecta, e que havia ali um risco potencial. Foi uma descoberta importante, porque até aquele momento os modelos anteriores indicavam que muito provavelmente não infectava”.
Neris lembra ainda que, de acordo com os autores do trabalho, a construção desse vírus experimental foi realizada integralmente nos EUA, por um grupo de pesquisadores da Carolina do Norte. Os pesquisadores chineses no trabalho foram responsáveis apenas por tornar pública a sequência genética desse vírus recém-descoberto, porque a China é referência mundial em monitoramento de coronavírus. As autorizações para a condução do projeto foram garantidas pelo estado da Carolina do Norte e pelo Departamento de Saúde Norte-Americano. Ou seja, nem mesmo a produção, em 2015, se deu em um laboratório em Wuhan, ressalta Neris. O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria reitera: “As recombinações genéticas dos vírus como este são uma característica própria deles. Surgem novas variantes, mutações, que adquirem a capacidade de transmissão entre humanos. Isso vai existir sempre. Não há, nem que se queira, tecnologia suficiente para produzir isso. São acasos da natureza”.
Kfouri explica também que um acidente num laboratório como este citado na reportagem italiana não é algo verossímil: “Os laboratórios que manipulam vírus para desenvolvimento de medicamentos ou vacinas trabalham hoje com um nível de biossegurança tal que é impossível que se tenha disseminação de vírus experimentais; ainda mais com essa capacidade (do novo coronavírus)”. Um estudo recentemente publicado pela mesma revista “Nature” afirma que é possível dizer que o vírus tem origem, de fato, natural. No trabalho, pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália mostram que todas as evidências apontam que o SARS-CoV-2 não foi construído em laboratório e nenhum cenário que afirme isso é plausível.
(5) É #FAKE que vídeo mostre ‘hospital de campanha’ da Unicamp sem nenhum atendimento
Unicamp não tem um hospital de campanha e o hospital de campanha anunciado pela prefeitura dia 14 de Abril está sendo montado no prédio da sede dos Patrulheiros Campinas, no Parque Itália, próximo ao Hospital Mário Gatti e também do AME (Ambulatório Médico de Especialidades). O falso vídeo divuldado foi feito em frente a tendas de triagem do Hospital das Clínicas (HC), da universidade, que, segundo a mulher que grava, as cenas são do dia 10 de Abril, feriado da Sexta-feira da paixão. Ela e uma outra mulher dizem que não houve nenhum atendimento no local e afirmam que a crise do coronavírus não existe, que é fruto de manipulação da mídia. Entretanto, o atendimento nas tendas montadas para triagem, numa área de 900 metros quadrados no estacionamento próximo à entrada principal do HC, com dez consultórios, teve início no dia 1º e já passaram mais de 230 pessoas. A estrutura é grande, pensada para que não haja mesmo aglomeração de pessoas, evitando a propagação do vírus. Segundo a Unicamp, há momentos do dia em que há mais pessoas sendo atendidas; em outros, menos. Como o esquema é de um pronto atendimento, o objetivo é mesmo que seja feito de forma rápida. Por isso, a demanda é flutuante, explica a universidade. No momento em que o vídeo foi gravado, não havia uma grande demanda – o que é algo positivo, e não resultado de manipulação de dados estatísticos.
A universidade tem sido alvo de outra mensagem falsa nos últimos dias. Um áudio diz que uma professora de física da Unicamp que procurava atendimento para sinusite foi forçada a assinar um termo dizendo que foi infectada pelo coronavírus, uma forma de inflar os números na cidade. Só que a Unicamp informa que não existe qualquer professora Cleo, Cleonice nem qualquer outro nome que possa resultar neste apelido no seu Instituto de Física e que se trata de uma “fake news”.
(6) É #FAKE que vídeos mostrem PM agredindo homens em SP por descumprimento de isolamento social
Nenhum dos dois vídeos divuldados foi feito durante a quarentena em São Paulo anunciada no dia 21 de março. Um dos vídeos foi feito dois dias antes. Ele foi gravado com um celular por um morador na Rua Itariri, no Canindé, Zona Norte da capital. A Polícia Militar diz que foi acionada para verificar uma ocorrência de homem embriagado e armado com faca, ameaçando as pessoas na rua. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, “um policial iniciou a negociação e, após apoio de outros agentes, o suspeito foi imobilizado. Ele foi levado ao PS Nossa Senhora do Pari, onde foi medicado. Depois seguiu para o 12º Distrito Policial, onde foi registrado B.O e liberado”. As imagens foram levadas à análise para a corporação decidir se toma alguma medida contra o policial que derrubou o homem com uma rasteira por trás.
O outro vídeo que circula na web desde o final de 2019 é referente a uma ocorrência registrada em dezembro. A Polícia Militar diz em nota: “Na ocasião, um homem agrediu a companheira em um posto de combustível, em Mogi das Cruzes, e posteriormente foi encontrado em sua residência. No momento da prisão, ele reagiu. Após a análise das imagens, foi instaurado Inquérito Policial Militar, já finalizado e encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar”. O governador João Doria chegou a anunciar medidas mais rígidas, inclusive com prisão para quem desrespeitasse as orientações, caso o índice de adesão ao isolamento social não alcançasse os 60%. Dias depois, no entanto, adotou um discurso mais flexível e afirmou “Nunca um governador de São Paulo desejou limitar o direito de ir e vir”.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


