08.04.2020 – Notícias classificadas como Fake News

6 de Maio de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 5 fake news foram esclarecidas, 1 realizada pelo Portal UOL e 4 realizadas pelo Portal Globo.com no dia 08 de Abril. São elas:

(1) Dinheiro do governo para hospitais não foi desviado para projetos culturais
Uma imagem que circula pelas redes sociais atribui a suposta falta de dinheiro para os hospitais brasileiros a um desvio de orçamento para projetos culturais. A publicação, além de mostrar uma série de projetos e os supostos valores destinados a cada um deles, ainda traz os dizeres: “Toma um calmante, senta e lê isso”. O texto é semelhante a outros que circulam nas redes sociais desde 2018, pelo menos, e voltou a ser compartilhado em meio à pandemia do novo coronavírus. Algumas publicações já alegavam que os recursos para os projetos causaram falta de dinheiro para hospitais. Em outras, que os valores poderiam ser usados para salvar o Museu Nacional, no Rio de Janeiro – que sofreu um incêndio em 2018 e teve parte de seu acervo de 20 milhões de itens destruída.

O Comprova conferiu a situação dos projetos culturais mencionados no texto. Em 12 dos 14 itens apontados na lista, os dados usados são de projetos que realmente existem e foram habilitados para captação de recursos pela Lei de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet. O Comprova não encontrou indícios de que os valores destinados aos projetos culturais foram retirados do orçamento da Saúde. Cabe salientar que, sendo a lei Rouanet, uma lei de incentivo fiscal, não há repasse direto de valores do orçamento do Ministério da Cultura para os responsáveis pelo projeto. Cabe ao ministério apenas autorizar a captação por parte dos idealizadores dos projetos junto às empresas.

(2) É #FAKE que chá de erva-doce e fígado de boi previnem contra o novo coronavírus
Entre recomendações corretas presentes na mensagem divulgada, como usar álcool em gel para assepsia, lavar as mãos várias vezes ao dia e evitar aglomerações, estão indicações equivocadas, como ingerir o chá de erva-doce, comer fígado de boi e também tomar vitamina C e sucos de acerola e laranja. Não há qualquer comprovação de que este consumo seja eficaz contra o novo vírus. Essas mesmas informações foram compartilhadas no ano passado, por conta da preocupação com o vírus H3N2, subtipo do influenza. Agora, acrescentou-se à mensagem de 2019 a inscrição “orientações de prevenção ao coronavírus”.

O especialista em infectologia hospitalar e integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia, Luis Fernando Waib, explica: “O oseltamivir, princípio ativo do Tamiflu, sequer é ativo contra o coronavírus. Por sua vez, fígado de boi é um alimento como qualquer outro, não tem nada a ver com o coronavírus”. A vinculação da erva-doce ao Tamiflu não é nova – circula há tempos nas redes sociais – e já foi desmentida pelo laboratório Roche, que desenvolveu o medicamento. Vale lembrar que ainda não existe qualquer remédio contra o vírus aprovado para uso domiciliar. Se o Tamiflu tivesse, de fato, ação contra o novo coronavírus, o combate à Covid-19 ia ser bem menos complexo, apontam especialistas. O Ministério da Saúde reitera: “Até o momento, não há medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção”. As principais recomendações de prevenção continuam sendo: ficar em casa, lavar as mãos com frequência, utilizar álcool em gel para desinfecção, manter os ambientes ventilados e cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.

(3) É #FAKE que redes 5G disseminam o novo coronavírus
As mensagens dizem que existe um aumento de casos de coronavírus nos países onde há maior concentração de antenas dado que elas diminuem a imunidade das pessoas. Em uma delas, o narrador afirma que está em curso um plano de dominação para uma nova ordem mundial. Essas mensagens são refutadas veementemente por cientistas e autoridades de saúde. A diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP), Ester Sabino, uma das responsáveis pelo sequenciamento do genoma do novo coronavírus, afirma: “O problema é as pessoas usarem o celular e não limparem as mãos e o próprio aparelho. Isso, sim, transmite a Covid-19, não a antena 5G”. O pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e consultor da Sociedade Brasileira de Imunologia, Gustavo Menezes explica que o vírus não passa pela rede 5G e diz: “Primeiro que o vírus é um microorganismo e por mais que ele seja pequeno, na ordem de nanômetro de tamanho, ele é muito maior do que um pulso elétrico. O vírus é formado por diversas proteínas, átomos, que são muito maiores do que o elétron que passa pelas redes. Por esse motivo, é impossível fisicamente um microorganismo transitar por uma rede, onde passam elétrons, que são muito menores do que o vírus. O vírus é formado por milhares de elétrons porque são milhares de átomos que formam o vírus. Fisicamente, estamos falando de uma bolinha de gude em comparação com a casa. O vírus é muito maior do que a energia que passa pelas redes”.

Gustavo Corrêa Lima, responsável pela plataforma tecnológica de Comunicações sem Fio do CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) afirma que não é verdade que a radiação emitida pelos equipamentos 5G afetam a imunidade e facilitam o trabalho do vírus. Lima diz que estudos realizados no Reino Unido mostram que no 5G as radiações estão muito abaixo dos limites estipulados pela Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), que define o máximo de potência que pode ser transmitido sem afetar a saúde humana. Mesmo que para o 5G o número de antenas aumente porque a frequência de 27 GHZ cobre uma área menor, Lima diz que isso não aumenta o risco: “Não é o fato de ter um maior número de antenas que traz mais riscos. Porque a gente tem esses roteadores wi-fi em casa e ninguém nunca apontou que existe qualquer risco à saúde”.

(4) É #FAKE foto que mostra Maia abraçado ao presidente chinês Xi Jinping
A imagem do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, abraçado ao presidente chinês, Xi Jinping, na verdade, foi manipulada. Trata-se de uma montagem obtida a partir de uma fotografia tirada em 5 de setembro de 2017, quando Maia abraçou o então governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão. A foto foi feita pelo fotógrafo Sérgio Lima, do Poder360, e acompanhou o texto “Rodrigo Maia chora ao homologar socorro fiscal do Rio de Janeiro”. Na ocasião, Maia ocupava o cargo de presidente da República em exercício enquanto o então presidente Michel Temer participava de uma reunião da cúpula dos Brics, realizada entre 3 e 5 de setembro – por coincidência, na China.

(5) É #FAKE áudio sobre pacientes com queimaduras graves causadas por álcool em gel internados em hospital do Pará
Em nota, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, no Pará, informa: “O HMUE informa que não possui pacientes internados com queimaduras provocadas por álcool em gel, até a presente data. Não há registro de pacientes que deram entrada com esse perfil nem casos semelhantes com as informações divulgas por meio da foto e áudio, que começaram a circular em março por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais. Não temos conhecimento da origem da foto”. Por conta da grande repercussão do boato, a assessoria da instituição, que é referência no tratamento de traumas e queimados para a região Norte pelo Sistema Único de Saúde (SUS), teve de produzir uma imagem para desmenti-lo. No site oficial da Pró-Saúde, responsável pela administração do hospital estadual, há um texto que orienta como usar o produto com segurança. A recomendação do responsável técnico pelo Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HMUE, Ivanilson Raniéri, é que, após a aplicação do álcool em gel, a pessoa espere o produto secar completamente antes de fazer atividades que envolvam fontes de calor, pois, apesar de inflamável, o álcool em gel evapora muito rapidamente e não oferece risco se utilizado de forma correta.

Em um argumento, porém, a mensagem falsa do áudio tem razão: para se prevenir contra o novo coronavírus, não é preciso utilizar álcool em gel em casa, já que lavar as mãos com água e sabão tem o mesmo efeito. A recomendação, porém, não se deve ao risco de queimaduras, e sim à escassez do produto diante do aumento significativo da demanda. O ideal é deixá-lo para profissionais de saúde e de outros serviços essenciais, que não podem evitar ambientes externos.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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