Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 07 de Julho. São elas:
(1) É #FAKE orientação para jogar água sanitária em rede de água de esgoto para evitar contaminação pelo coronavírus
Especialistas entrevistados pela CBN explicam que a recomendação para que a população coloque água sanitária em ralos, pias e chuveiros para matar o coronavírus não procede, porque o vírus na prática não tem capacidade de infecção ao estar no esgoto. O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, esclarece que os estudos apontam que o Sars-CoV-2, causador da pandemia de Covid-19, perde essa capacidade depois de algumas horas fora do organismo humano.
Em nota oficial, o Ministério da Saúde explica que existem estudos que apontaram a presença do vírus em esgotos, mas ressalva que “esse tipo de detecção de partículas tem a função de mapear quais são as áreas com maior taxa de infecção pelo vírus. Assim, gestores podem agir de forma preventiva e tomar decisões em relação a medidas de isolamento social”. A pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública Patricia Canto Ribeiro desconhece a existência de estudos sobre uso de água sanitária em ralos para neutralizar o coronavírus, e reforça que o poder desinfetante do produto depende diretamente da concentração na água.
Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o infectologista Renato Kfouri reforça: “A transmissão fecal oral não é documentada. Embora já se tenha identificado material genético do vírus em fezes e esgotos, não há registro de transmissão por essa via. Kfouri lembra que o sistema de tratamento vigente dá conta da limpeza da água. “Esses dados de esgoto servem para a área de vigilância, não são indicação de necessidade de tratamento. O processo que a água sofre até chegar às nossas casas já é mais do que suficiente.”
(2) É #FAKE que edição da revista ‘Veja’ de 2003 já falasse da Covid-19
A edição da revista “Veja” com a capa “Sars – A epidemia que põe o mundo em pânico” e publicada em 7 de maio de 2003 de fato existe. Entretanto, ela aborda a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), provocada pelo Sars-Cov. Essa epidemia ocorreu entre 2002 e 2003 com epicentro na Ásia, de acordo com Leonardo Weissmann, médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Rômulo Neris, virologista, doutorando da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Weissmann diz que há sete tipos de coronavírus que podem afetar humanos. O Sars-CoV apareceu em 2002 e 2003 e depois desapareceu. O Sars-Cov-2, com provável origem na China em 2019, é o que causa a atual pandemia do novo coronavírus. As medidas recomendadas em 2003, lembra Weissmann, são as mesmas de hoje: evitar aglomeração e higienizar as mãos, lavando com água e sabão ou usando álcool gel 70%. Ele ressalta, entretanto, que não se falava do uso de máscara por toda a população como agora e lembra que teríamos mais gente doente e morrendo nesta atual pandemia se não houvesse o conhecimento gerado por epidemias anteriores de doenças respiratórias graves.
Neris, doutorando pela UFRJ, explica que os coronavírus são conhecidos por causar síndromes respiratórias há muitas décadas, não só em humanos, mas também em outros animais. De acordo com Weismann, além do Sars-Cov e do Sars-Cov-2, os outros tipos de coronavírus são:
– O MERS-COV, que causa a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), reportada pela primeira vez na Arábia saudita em 2012, com 2,4 mil casos e 800 mortes pelo mundo desde então, todos eles conectados a países da Península Arábica.
– E outros quatro, que geralmente causam de leves a moderados sintomas no trato respiratório superior, como uma gripe comum: o Alpha coronavírus 229E, o Alpha coronavírus NL63, o Beta coronavírus OC43 e o Beta coronavírus HKU1.
(3) É #FAKE que mistura de laranja, limão e melão-de-são-caetano cure a Covid-19
Segundo especialistas entrevistados pela CBN, não existe qualquer embasamento científico que a mistura de laranja, limão e a planta medicinal melão-de-são-caetano cura a Covid-19. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde vêm reiterando que não há fórmulas caseiras que tenham ação comprovada contra o coronavírus, seja na prevenção, seja no tratamento da infecção.
A mensagem falsa tem tom de relato pessoal, para ser mais convincente. A pessoa diz que ela e parentes apresentaram “sintomas fortíssimos” da Covid-19, como “dor de garganta, febre, falta de ar e cansaço até para falar”, além de dor de cabeça e diarreia. A orientação dada é picar e refogar alho na manteiga e ingeri-lo duas vezes ao dia; além disso, deve-se bater no liquidificador, com água, uma laranja com casca, um limão com casca e o melão-de-são-caetano. Só que nenhuma das indicações tem poder contra o novo vírus, conforme os médicos ouvidos pela CBN. O autor diz que “o resultado foi incrível”, e que em dois dias os sintomas passaram, sem necessidade de consulta médica. Mas cabe ressaltar que 80% das pessoas infectadas têm quadros leves ou são assintomáticas, ou seja, melhoram sem que haja necessidade de atendimento. Ou seja, a evolução positiva do quadro iria se dar de qualquer forma, com ou sem a ingestão do remédio caseiro.
Sobre o melão-de-são-caetano (Momordica charantia), uma planta trepadeira de origem asiática de gosto amargo também conhecido como melãozinho, é usado tradicionalmente em quadros de diabetes e problemas de pele. Teria ação cicatrizante, hipoglicemiante (regularia o nível de glicose no sangue) e antiviral. Pode ter efeitos adversos, como diarreia, dor abdominal e vômitos. Mais grave ainda: pode provocar aborto. Não convém o uso sem supervisão médica.
As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.
Fonte: Ministério da Saúde


