06.04.2020 – Notícias classificadas como Fake News

5 de Maio de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 7 fake news foram esclarecidas, 2 realizadas pelo Portal UOL e 5 pelo Portal Globo.com no dia 06 de Abril. São elas:

(1) Vídeo sobre “100% de sucesso” com hidroxicloroquina é enganoso
O vídeo publicado pelo Youtube mostra trechos editados de uma entrevista feita por Rudolph Giuliani com Vladimir Zelenko, um médico que atua em Kiryas Joel, comunidade de 35 mil habitantes no Estado de Nova York, nos Estados Unidos. A entrevista publicada no dia 28 de março deste ano vem acompanhada com um texto informando que Zelenko teve “100% sucesso até agora” usando zinco e as drogas hidroxicloroquina e azitromicina, numa “abordagem pronta e rápida que não deixa a doença evoluir para um quadro de internamento, de onde é difícil recuperar ileso”. De fato, Zelenko alega ter obtido 100% de sucesso em tratamento realizado com 700 pacientes. Em uma entrevista para o canal no Youtube de um investidor do mercado financeiro, publicada em 1º de abril, o médico disse que apenas seis deles precisaram ser hospitalizados, sendo que dois tiveram pneumonia, mas se recuperaram; dois foram entubados e um faleceu. Este último teria, segundo Zelenko, abandonado o protocolo de tratamento. Entretanto, o estudo não tem comprovação científica, não foi publicado em nenhum periódico médico e a única evidência de sua existência são as declarações do próprio autor da suposta pesquisa.

Os estudos feitos em diversos países têm tentado verificar a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina, mas seus resultados são, por enquanto, inconclusivos (leia mais abaixo). A OMS afirma que está acompanhando os estudos clínicos com o uso da cloroquina e derivados, mas até o momento os dados são insuficientes para estabelecer a eficácia desses medicamentos para o tratamento ou prevenção da infecção pelo novo coronavírus. Por enquanto, o órgão só recomenda o uso da cloroquina para o tratamento da malária e alerta para o risco de superdosagem.

(2) Vacina do coronavírus não terá microchip para rastrear a população
Não há nenhuma evidência que comprove o conteúdo do texto, publicado no blog “Livro das Revelações”. O texto mistura uma série de informações falsas sobre projetos internacionais de identidade digital, como a Aliança ID2020 e o a2i, e sobre a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi, na sigla em inglês), entidade que atua para fornecer vacina para países pobres. O blog reproduz em português trechos de um texto em inglês sobre a mesma teoria conspiratória, publicado em outubro de 2019 no blog “Natural News”.

Na mensagem “original”, o coronavírus sequer é mencionado. Inicialmente, não há notícia de que qualquer vacina com microchip esteja em desenvolvimento no mundo. A informação foi confirmada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, em entrevista pelo telefone. Cunha também ressaltou que, como tem sido amplamente divulgado pela imprensa mundial, ainda não existe vacina contra o coronavírus. Há uma série de testes clínicos em andamento, mas nenhum concluído até o momento. Segundo a perspectiva mais otimista da comunidade médica, as doses para o combate à covid-19 estarão disponíveis dentro de um ano – esse prazo, contudo, pode ser maior.

(3) É #FAKE que beber água a cada 15 minutos previne a Covid-19
O texto diz que os meios de comunicação estão omitindo a informação de que “para não contrair o vírus é preciso beber água de 15 em 15 minutos”. “Não precisa ser um copo cheio, mas apenas alguns goles, para manter a garganta úmida. Leve uma garrafa de água pra onde for. Por quê? Porque ao molhar a garganta, se o vírus estiver ali, ele vai direto para o estômago, e não há bactéria ou vírus que resista ao suco gástrico”, afirma a mensagem falsa. “Se a garganta estiver seca, o vírus vai para o esôfago e, dali, para os pulmões, onde ocorre a dificuldade em respirar. E é o que tem levado várias pessoas a óbito”.

O infectologista Luis Fernando Waib, especialista em infectologia hospitalar, refuta completamente a informação: “Os vírus respiratórios não ficam exclusivamente na garganta ou no estômago. Uma infecção como essa produz bilhões de vírus; uma pequena parte será engolida pelo doente e passará pelo estômago, e o restante da infecção continuará seu curso. Beber água vai manter o paciente hidratado, mas não mudará a infecção”, explica o médico, integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia. Paulo Santos, médico infectologista, diz: “A contaminação ocorre pelo contato do vírus com as mucosas nasal, ocular e oral, e, no momento em que esse contato ocorre, não há nada que impeça a infecção. A contagiosidade é muito alta. O que temos que fazer é evitar que o vírus chegue lá. Como? Higienizando com frequência as mãos e evitando tocar nos olhos, nariz e boca”. Sobre a possível presença do vírus no estômago, ele explica: “O suco gástrico é, de fato, uma barreira contra germes, mas a transmissão do Sars-CoV-2 se dá pelas vias aéreas, não tendo o estômago nenhum papel protetor nisso. E, apesar se ser uma barreira, a acidez estomacal não é 100% eficiente, haja visto que adquirimos pela via oral, através de água e alimentos contaminados, doenças como as parasitoses intestinais, hepatite A, gastroenterites, entre outras”.

(4) É #FAKE que governo da Alemanha recomendou substituir tapete por pano com água sanitária para evitar a Covid-19
Procurado pelo G1, o governo da Alemanha diz que nunca recomendou substituir o tapete da porta, também chamado de capacho, por um pano úmido com água sanitária para evitar a disseminação do novo coronavírus. A Embaixada da Alemanha no Brasil também reforça que “o governo alemão nunca deu essa recomendação”. Além disso, a equipe do Fato ou Fake também conversou com várias pessoas que moram na Alemanha, que contam que nunca leram nem ouviram nada sobre a retirada dos tapetes, que continuam nas suas portas e nas dos vizinhos. Elas dizem, porém, que, mesmo antes da pandemia, os alemães já tinham o hábito de tirar o sapato assim que entram em casa. Para o médico Alberto Chebabo, da Sociedade Brasileira de Infectologia, o tapete dificulta a limpeza do ambiente e, por isso, não é recomendado em ambientes onde há alérgicos e diz: “Mas não tem nenhuma evidência de que o tapete possa transmitir o novo coronavírus”. Já Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, é categórico: “Essa mensagem é totalmente falsa”.

(5) É #FAKE que foto mostre restaurante popular Bom Prato com longa fila e aglomeração em meio ao isolamento em SP
A unidade do Bom Prato em questão fica em São Bernardo do Campo. Segundo o governo do estado, a foto é do dia da inauguração da unidade (15 de janeiro de 2019), que atende a população carente, oferecendo almoço e jantar a R$1,00 e café da manhã a R$0,50. Neste momento, o restaurante segue aberto, mas a fila não está como a vista na foto, com um cliente grudado no outro. E um detalhe importante: as refeições têm sido servidas em embalagens descartáveis, já que não é possível se alimentar na própria unidade. Além disso, o governo diz que as 59 unidades do Bom Prato no estado estão com marcação no solo para que os usuários respeitem a distância mínima de 1,5 metro entre si. Assim, evita-se o contágio pelo coronavírus, caso haja pessoas infectadas. Em nota oficial enviada à CBN, o governo diz: “Os funcionários recomendam diariamente a utilização de álcool em gel ou solução alcoólica antibacteriana disponível no local”.

Por conta da situação de emergência de saúde decorrida da disseminação do coronavírus, que já infectou quase 5 mil pessoas em São Paulo, a Secretaria de Desenvolvimento Social, que coordena o Bom Prato, ampliou, de fato, o atendimento dos restaurantes. Isso para garantir a alimentação de pessoas em situação de vulnerabilidade social, em especial as que se encontram em situação de rua. É um público que está ainda mais fragilizado em tempos de coronavírus. Os horários foram estendidos para que todos os que procuram os restaurantes da rede estatal possam se alimentar. Segundo as informações oficiais, estão sendo servidas 1,2 milhão de refeições a mais em todo o estado: café da manhã, almoço e jantar, inclusive nos finais de semana. Inaugurado em 2000, o Bom Prato serve mais de 90 mil refeições por dia, na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral.

(6) É #FAKE que vídeos mostrem dono da Localiza criticando ações de combate ao coronavírus
O empresário Salim Mattar, que renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Administração da locadora de veículos Localiza para ocupar uma posição no governo federal, publicou em seu perfil verificado no Twitter que os vídeos em que homens defendem o fim do isolamento social apregoado por autoridades de saúde para conter a disseminação do coronavírus atribuídos a ele são falsos. Ele ainda diz: “Estes que vocês estão vendo sou eu. Sempre que eu publicar algo vocês poderão conferir pelas minhas redes oficiais do Twitter ou do Instagram. Continue se prevenindo pois juntos iremos superar este desafio causado pela pandemia do coronavírus”. Em nota, a Localiza diz que os homens dos vídeos não têm qualquer vínculo com ela e reitera ser uma “empresa apartidária”. Nenhum dos homens, de fato, se parece fisicamente com Salim Mattar.

Também não é verdade que a Localiza tem 71 mil carros e faturamento de R$ 2,2 bilhões, como dizem as mensagens falsas. Em sua última divulgação, referente ao trimestre final de 2019, a empresa contabiliza uma frota de cerca de 323 mil carros e faturamento no ano de R$ 10,5 bilhões. A empresa diz que “todas as ações da companhia estão focadas neste momento para o cuidado e saúde dos seus colaboradores, clientes e sociedade em geral”. Diz ainda que “a Localiza é uma empresa com capital aberto e classificada nos mais altos níveis de governança na bolsa de valores” e que “seus indicadores são comunicados periodicamente conforme as regras do mercado”.

(7) É #FAKE post atribuído a Maia com crítica à ideia de uso do Fundo Eleitoral no combate ao coronavírus
Maia tem uma conta verificada no Twitter, na qual desmente a postagem com a afirmação: “Desviar o dinheiro do Fundão Eleitoral para outros fins é prejudicial à democracia. Devemos manter este pilar intacto nem que isto custe a vida de alguns brasileiros. #FundaoEDemoctacia”. A conta verificada de Maia tem o endereço @RodrigoMaia. A conta fake é diferente. Além de não ter o selo de verificação, em que a rede social atesta a autenticidade da conta, apresenta o endereço @RobrigoMaia, em que a letra “B” toma o lugar da letra “D” no prenome do deputado.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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