Em meio à pandemia do coronavírus, instituições privadas de ensino superior viram aumentar o número de alunos com mensalidades em atraso. Houve ainda crescimento na quantidade de estudantes que optou por desistir do curso, seja de maneira temporária ou definitiva. É o que aponta um estudo divulgado hoje pelo Semesp, entidade que reúne mantenedoras de ensino superior no Brasil.
No primeiro semestre de 2020, segundo o levantamento, a taxa de evasão no ensino superior privado foi de 10,1% —valor 14,7%% maior do que o observado no mesmo período no ano passado, quando o percentual era de 8,8%. Em números absolutos, 608 mil alunos desistiram ou trancaram matrícula no primeiro semestre de 2020, 83 mil a mais que no mesmo período de 2019. Já a taxa de inadimplência nos primeiros seis meses deste ano foi de 11% —um aumento de 29,9% em relação ao mesmo período de 2019. Antes, a taxa de desistência dos alunos era de 8,5%.
Segundo o levantamento, 565 mil alunos ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2020, 109 mil a mais que no mesmo período de 2019. Os dados foram obtidos por meio de uma pesquisa realizada com 53 instituições particulares de ensino superior. A maior parte das unidades de ensino que participaram do levantamento (67,4%) atende até 7 mil alunos —porte considerado como pequeno ou médio pelo Semesp.
Para a entidade, efeitos causados pela pandemia da covid-19, como o crescimento do número de desempregados, redução da renda dos trabalhadores e incertezas sobre o retorno das aulas presenciais contribuíram diretamente para o aumento das taxas de evasão e inadimplência dos alunos. “Composto por mais de 90% de alunos das classes de renda C, D e E, o público do ensino superior privado foi o que mais sofreu com desemprego, perda de renda e suspensão ou redução de contrato de trabalho”, diz o relatório divulgado junto aos dados da pesquisa. “Consequentemente, as instituições de ensino superior viram a inadimplência e os trancamentos ou as desistências crescerem”, continua o texto.
A entidade estima que, devido aos trancamentos, desistências, não rematrículas e também a uma queda no ingresso de alunos no segundo semestre deste ano, o setor perdeu ao menos 423 mil alunos. O atraso no pagamento das mensalidades é maior entre os alunos de cursos EAD (ensino a distância). Nesta modalidade de ensino, a taxa de inadimplência foi de 12,5% no primeiro semestre deste ano, segundo a pesquisa. No ensino presencial, o percentual de inadimplência ficou em 10,9% —um aumento de cerca de 33% em relação ao observado no primeiro semestre de 2019, quando a taxa de alunos com pagamentos em atraso era de 8,2%.
Fonte: UOL Educação


