Mais duas universidades particulares de São Paulo demitiram professores nesta semana, a Universidade Cruzeiro do Sul e a Universidade São Judas Tadeu (USJT). Na semana passada, o G1 mostrou que o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) entrou na Justiça contra uma demissão em massa que teria ocorrido por mensagem pela Universidade Nove de Julho (Uninove).
Na quarta-feira (1º), a associação de professores entrou com uma nova ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) contra demissões de professores na Cruzeiro do Sul, onde cortes teriam afetado 30% do corpo docente da instituição de ensino. “A Universidade Cruzeiro do Sul é mais um exemplo de demissão massiva decorrente de uma reestruturação, sustentada no enxugamento da folha de pagamentos e dos serviços e aumento das margens de lucro, em detrimento da qualidade de ensino”, diz o Sinpro-SP em nota.
A Cruzeiro do Sul Educacional foi questionada pelo G1 se confirmava as demissões em massa. O grupo não informou o número de cortes, mas confirmou que “o agravamento e prolongamento da crise econômica, somados às incertezas quanto ao próximo semestre, levaram o grupo a adotar uma adaptação de custos, inclusive e, inevitavelmente, de pessoal, de modo a manter e preservar minimamente a saúde financeira, a qualidade de sua operação e a pontualidade dos seus compromissos”. A Cruzeiro Sul acrescentou que evitou “tomar medidas mais drásticas, mesmo sofrendo com o aumento expressivo da inadimplência e da evasão”, e que “reconhece e agradece a valiosa contribuição dos colaboradores que estão, neste momento difícil para todos, sendo desligados”.
No caso da Universidade São Judas, alunos lançaram a hashtag #RecuaÂnima contra os cortes no corpo docente que teriam sido realizados pelo Grupo Ânima de Educação, que gere a instituição. Os estudantes falam em “sucateamento do ensino superior”, e em mudanças na carga horária e na grade curricular. O G1 questionou o Sinpro-SP se ele recebeu informações sobre cortes na Universidade São Judas. A associação disse que recebeu 74 avisos entre as unidades da capital, Santos e Guarulhos, número menor do que nos anos anteriores, e os professores não fizeram denúncias, se restringindo a solicitações de orientação sobre seus direitos.
Em nota na quarta-feira, o Grupo Ânima não informou o número de desligamentos, mas adiantou que “foi abaixo do que nos semestres passados” e que, paralelamente, abriu novas vagas no corpo docente, como em todo fim de semestre, quando há uma avaliação das turmas, cursos em andamento e novos cursos. “A instituição fez um exercício para preservar o emprego, cientes e preocupados com o momento delicado em que estamos vivendo. Além disso, a Universidade São Judas está contratando coordenadores regionais, coordenadores de cursos, além de ter edital aberto para oportunidades a professores de tempo integral e parcial”, diz a nota. “Reiteramos que, mesmo em tempos atípicos como este, de isolamento social, foram mantidos o respeito e a atenção individual aos professores durante todo o processo de desligamento”, continuou.
O Grupo Ânima foi uma das empresas que idealizaram o movimento “Não Demita”, assinado por mais de 4 mil entidades durante a pandemia. “Escrevi o manifesto. No final de 24 horas tinham mais de 30 empresas assinando. Falei: ‘Não é mais manifesto. É um movimento, em que a gente tem que se comprometer a não demitir por dois meses”, disse Daniel Castanho, CEO do grupo em entrevista no dia 7 de abril, há quase três meses.
Uninove
Há uma semana, professores da Universidade Nove de Julho (Uninove) foram surpreendidos com um comunicado de demissão por pop-up, quando tentavam acessar à plataforma de aulas, de acordo com o Sinpro-SP. Neste caso, a associação também entrou com uma ação no TRT. A Uninove não respondeu à reportagem se houve ou não demissão em massa, mas disse que, diante da pandemia, “fomos ao limite para manter nosso quadro funcional”.
Fonte: G1 São Paulo


