Escuta é fundamental para acolher alunos no retorno às aulas presenciais nas escolas

23 de junho de 2020

Escolas vão receber estudantes marcados pelo luto, dificuldades financeiras das famílias e ainda tendo que seguir novos hábitos por conta da pandemia do coronavírus.

O retorno das aulas presenciais nas escolas de todo o Brasil vai exigir um período de acolhimento dos alunos. Se a máscara no rosto esconderá o sorriso e possíveis feições de alegria e compaixão, os olhos dos educadores terão de ser mais expressivos e comunicativos. Se os abraços precisarão ser evitados, o diálogo necessitará ser ainda mais potente.

Milhares de mortes pelo país, perdas salariais e mudanças de hábitos ocasionadas pela pandemia devem fazer com os estudantes voltem para as salas de aulas diferentes da forma do com que saíram. Para que a transição ao “novo normal” seja mais suave, é preciso acima de tudo que os alunos sejam ouvidos. Independentemente de sua faixa etária.

Antes de abrir espaço de escuta ao outro, entretanto, é necessário que gestores, professores e equipe técnica das unidades de ensino estejam psicologicamente preparadas. “Não dá recomeçar [as atividades do ano letivo] fingindo que está tudo bem. É preciso saber como a pessoa passou este período, como foi essa passagem no sentido metafórico e real. Mas para aguentar a dor do outro é preciso investigar a si mesmo, saber seu estado emocional, seu contexto pessoal. É uma forma de se escutar em primeiro lugar para depois de fato acolher de verdade”, diz Marcia Frederico, psicóloga e consultora pedagógica do LIV (Laboratório de Inteligência de Vida), que trabalha com programas de competências socioemocionais.

Marcia reforça que professores, coordenadores e funcionários das escolas também são atores da situação provocada pela pandemia da COVID-19 e precisam estar fortalecidos para receber os alunos. “É necessário ter uma escuta empática sobre a própria equipe. Como ela está sendo acolhida? Essas pessoas também não deixaram de ser pais e mães e podem estar vivendo sob medo, perda e pressões”.


Fonte: Porvir
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