Aula on-line abre possibilidades, mas força adaptação e debate sobre acesso

9 de junho de 2020

O ano letivo das escolas públicas do Distrito Federal tem data para o retorno: 29 de junho. Mas o processo educacional será realizado de forma totalmente adaptada ao novo cenário de pandemia do coronavírus.

As aulas serão virtuais, os alunos vão ter acesso aos conteúdos e realizarão atividades por computadores, celulares e tablets, enquanto emissoras de televisão vão transmitir materiais elaborados pela Secretaria de Educação. O modelo é resultado de pesquisas e debates sobre os melhores caminhos para minimizar o impacto da suspensão de aulas presenciais, necessária para conter a disseminação da covid-19.

Com o novo método, professores reinventam-se e alunos também têm novas adaptações, mas a estratégia não é consenso. A democratização do ensino a distância é um dos principais pontos refletidos. De acordo com o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), 127 mil estudantes não têm internet em casa e 5 mil professores regentes da capital não têm computador, o que levantou críticas sobre os alunos que seriam excluídos do novo modelo. Porém, a Secretaria de Educação afirma que quem não tiver acesso às tecnologias poderá receber materiais impressos, um dos meios pensados para ampliar o ensino, junto à transmissão de conteúdos pela tevê e a gratuitidade da plataforma Google Sala de Aula.

Outra preocupação que vem sendo debatida diz respeito à reflexão de que educação não é simplesmente transmissão de conteúdo. Por isso, educadores tentam entender o momento, adequar metodologias e se preparar para as aulas do novo normal da sala de aula.

Especialistas dizem que, apesar dos problemas do modelo a distância, esse pode ser um bom momento para ampliar estratégias de metodologias ativas, em que o educando participa mais do processo de aprendizagem. “Agora, os estudantes podem se tornar ainda mais protagonistas do que geralmente se observa nas salas de aula presenciais. Mas é necessário compreender que não se pode simplesmente reproduzir a mesma estratégia de uma aula presencial. O professor pode utilizar mídias diferentes e fornecer meios para que os estudantes possam contribuir com novos materiais. Então, ele deve conhecer os recursos digitais para interação com a turma, porque, na esfera digital, é mais fácil ficar entediado com um ensino meramente conteudista”, analisa o professor Ricardo Fragelli.


Fonte: Correio Braziliense
Translate »