Google e empresas de anúncios financiaram sites de Fake News com US$ 25 bi

20 de julho de 2020

Os serviços de anúncios digitais gerenciados por empresas como Google, OpenX e Taboola têm financiado centenas de sites conhecidos por espalhar desinformação e notícias falsas sobre a covid-19 na internet. De acordo com uma nova pesquisa do Global Disinformation Index (GDI), organização que combate boatos e Fake News, pelo menos 25 bilhões de dólares foram entregues a esses portais. O valor, que é uma projeção para este ano de 2020, é considerado conservador e pode ser maior.

Ao contratar esses serviços de anúncios, as marcas abrem mão de acompanhar em detalhes em quais sites de notícias suas propagandas serão mostradas. Como o “cardápio” oferecido pelas companhias de tecnologia que fazem a intermediação leva em conta a audiência, sites que reproduzem desinformação acabam por entrar na cota. Na prática, marcas como Merck, L’Oreal e Canon dão dinheiro para quem divulga desinformação com a ajuda deste intermédio.

De acordo com a GDI, dos 25 bilhões de dólares entregues aos sites de notícias falsas, cerca de 19 bilhões de dólares tem o Google como intermediador. Logo depois, vem a empresa OpenX e a Amazon.

No relatório, a GDI destaca que as marcas têm demonstrado preocupação com uma suposta falta de postura contra a desinformação da rede social Facebook, mas ainda não questionaram os serviços de anúncios, como o Google, sobre o destino da sua receita com publicidade. A GDI também destaca a falta de coerência entre anúncios de marcas relacionadas à saúde, como a Merck, com o uso de publicidade em sites de desinformação.

O relatório aponta que as reportagens com informações falsos causam danos à saúde e à ordem pública, além de a grupos específicos com publicações que abordam temas como superioridade judaica. Um suposto colapso da União Europeia, uma guerra biológica e o envolvimento de Bill Gates com a origem do coronavírus também são pontos comuns na lista de sites financiadas.

Facebook
No fim de junho, grandes marcas anunciaram que interromperiam sua publicidade no Facebook até a empresa se comprometer a combater discursos de ódio e desinformação dentro da rede social, aderindo à campanha “Stop Hate for Profit”, iniciada por grupos de direitos civis dos EUA. Depois do início do boicote, a rede social concordou em fazer uma auditoria que deve avaliar como o combate ao discurso de ódio é feito. Além disso, a rede social informou que dará prioridade a links de artigos respaldados, com base em informações de primeira mão e escritos por jornalistas identificados.

Apesar do boicote, os respingos na imagem da companhia foram a principal preocupação de Mark Zuckerberg, em vez da queda da receita. Hoje, a empresa depende muito mais de pequenos anunciantes espalhados pelo mundo. De acordo com um levantamento feito pela Bloomberg, caso a rede perca 25 de seus 100 maiores anunciantes, a queda na receita em um trimestre seria de US$ 250 milhões. Pouco para uma empresa que fatura US$ 17 bilhões em três meses.


Fonte: Exame
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