17.07.2020 – Notícias classificadas como Fake News

17 de julho de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, 4 fake news foram esclarecidas, 2 realizadas pelo Portal Globo.com e outras 2 pelo Portal UOL no dia 17 de julho. São elas:

(1) É #FAKE que pode ter o CRM cassado o médico que não prescrever hidroxicloroquina a pedido do paciente em casos de Covid
A mensagem falsa diz: “Atenção, alerta! Quem estiver contaminado com a Covid-19 e pedir para ser tratado com hidroxicloroquina, e o médico se recusar, ou mesmo o hospital não permitir, peça para um familiar ir a uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência. De posse do mesmo, volte ao hospital apresente-o ao médico. Peça o documento de autorização para assinar. Se este médico se recusar a fazer a receita, vá ao Ministério Público e peça a cassação imediata do CRM deste médico. Governadores e prefeitos estão praticando genocídio ao recolher os medicamentos das farmácias e proibir seu uso. Todas as pessoas têm o de defender sua própria vida”.

O texto não faz qualquer sentido, de acordo com médicos entrevistados pela CBN. Primeiro, porque médicos não podem ser forçados a receitar este ou aquele remédio a pedido de seus pacientes, já que eles têm a prerrogativa de recomendar o que consideram o melhor para cada quadro e cada pessoa. Segundo, porque o registro profissional não pode ser cassado pelo Ministério Público – isso cabe aos conselhos de medicina, e o processo ético tem ritos: não é sumário.

A CBN procurou o Conselho Federal de Medicina (CFM). A entidade informou que o tratamento do paciente é norteado pelo princípio da autonomia do médico. Deve-se valorizar a relação médico-paciente, “sendo esta a mais próxima possível, com o objetivo de oferecer ao paciente o melhor tratamento médico disponível no momento”. Assim como ninguém é obrigado a tomar qualquer medicação receitada, o médico não é obrigado a prescrever o que o paciente deseja, ressalta o CFM.

(2) É #FAKE que produto veterinário creolina cure Covid-19
Circula pelas redes sociais um vídeo em que um homem diz ter ficado curado da Covid-19 após tomar o desinfetante de uso veterinário creolina. “Eu passei por um momento muito difícil com a Covid-19. Eu resolvi fazer essa live hoje porque eu tomei a Creolina ontem à noite com muita diarreia, com muita dor no corpo e eu fui curado”, afirma. Entretanto, o Ministério da Saúde esclarece que, até o momento, não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus ou ser utilizado com 100% de eficácia no tratamento.

A Eurofarma, fabricante da creolina no Brasil, afirma que não há nenhum teste ou estudo de comprove a indicação para uso contra a Covid-19. Destaca que o produto tem registro apenas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e não há registro da creolina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula medicamentos farmacêuticos humanos. A Anvisa afirma que “não há pesquisa clínica autorizada pela Anvisa relacionada ao produto creolina. Também não há medicamento com este nome registrado na Anvisa.” “Este produto é registrado na Anvisa como desinfetante e a ingestão pode causar diversos riscos à saúde, provocando, inclusive, danos permanentes ou até mesmo a morte.”

A creolina, segundo o fabricante, é um produto de uso ambiental e não deve ser utilizados em animais ou humanos. É um desinfetante e germicida, com comprovada ação bactericida e fungicida, de uso veterinário, e com eficácia comprovada como desinfetante de instalações rurais tais como: granjas, aviários, pocilgas, estábulos, haras, cocheiras, canis e galpões (veja a bula do produto). O farmacêutico Leandro Medeiros, coordenador do curso de Farmácia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), explica que a creolina é um produto tóxico que não deve ser ministrado nem mesmo a animais e que só serve como produto para desinfecção de instalações rurais. O professor destaca que caso haja alguma algum contato acidental, conforme relatado em bases de dados da área da toxicologia, o produto provoca dor de estômago, dor de cabeça, dor e vermelhidão na pele, dor ocular, náusea, vômito, diarreia e tremores.

Veja os cuidados recomendados pelo fabricante em caso de contato com a creolina
-Em caso de inalação, remover o paciente imediatamente do local e levá-lo para ambiente em ar fresco.
-Em caso de contato acidental com a pele, retirar imediatamente roupas e sapatos que tiverem sido atingidos pelo produto. Lavar a pele afetada abundantemente com água por pelo menos 15 minutos.
-Em contato acidental com os olhos, lavar imediatamente os olhos e abundantemente com água limpa, separando as pálpebras com os dedos por pelo menos 15 minutos.
-Em caso de ingestão, lave a boca abundantemente com água limpa. Não provoque vômito. Procurar imediatamente o socorro médico, com indicação do produto ingerido (se possível levar a embalagem)
-É muito importante armazenar o produto fora do alcance de crianças e animais. Não se deve usar a embalagem vazia. Não guardar ou aplicar perto de alimentos.

(3) Máscaras auxiliam no combate à covid, ao contrário do que diz influenciador
É falso que o uso de máscaras, sejam elas caseiras ou profissionais, não ajude a diminuir a transmissão do novo coronavírus. Em vídeo publicado no Instagram, o influenciador e escritor Rodrigo Polesso afirma que a peça de proteção não teria eficácia porque as partículas de saliva expelidas por pessoas infectadas seriam menores do que os poros das máscaras. Ele diz que a transmissão do SARS-CoV-2, o novo coronavírus, se dá por meio de aerossóis — que são partículas com tamanho menor que 5 micrômetros (μm). Porém, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal forma de transmissão do vírus é por meio de gotículas de saliva, maiores que 5 μm.

Mesmo assim, independentemente do tamanho das partículas, o processo de filtragem das máscaras não depende unicamente do tamanho dos poros — existem vários processos físicos envolvidos. Partículas maiores, de pelo menos um micrômetro, viajam em linha reta e, mesmo que passem pelos poros, irão se chocar com as fibras das máscaras, que possuem várias camadas. Partículas menores que um micrômetro estão sujeitas ao movimento browniano — princípio físico que faz com que a trajetória das partículas seja aleatória e não em linha reta — responsável por fazer com que elas se choquem com as fibras das máscaras. Por fim, partículas ainda menores são atraídas por campos eletrostáticos presente.

O vídeo engana também ao tentar relativizar a gravidade da pandemia afirmando que o SARS-CoV-2 está sendo estudado desde, pelo menos, 2015 e que todo ano o planeta enfrenta pandemias do vírus influenza e de outros coronavírus. Procurado pelo Comprova, Polesso afirmou que seu vídeo se baseia em evidências e não em sua opinião sobre o assunto. Segundo ele, o fato de a “OMS [Organização Mundial da Saúde] dizer algo não significa que este algo é verdadeiro ou baseado em evidências”, o que é falso. O trabalho da organização é baseado em expertise técnica e científica, referência para pesquisadores de todo o mundo. O órgão conta, inclusive, com uma Divisão Científica para subsidiar as normas elaboradas pela organização e que produz pesquisa na área da saúde pública.

A OMS possui alto caráter técnico-científico, diferentemente de outras organizações internacionais, que têm, principalmente, a participação de diplomatas. Na Constituição da OMS — capítulo 5, artigo 11— é explicitado que as delegações na Assembleia Mundial da Saúde, o órgão máximo de deliberação da organização, devem ser escolhidas entre as personalidades mais qualificadas pela sua competência técnica no domínio da saúde.

(4) Informação que associa saída de ministros franceses à cloroquina é falsa
Uma publicação, no Facebook, afirma que o primeiro-ministro da França e o ministro da Saúde do país europeu perderam seus cargos e respondem a processo após supostamente vetarem a cloroquina como tratamento à covid-19. Primeiramente, o agora ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, a ex-ministra da Saúde Agnès Buzyn e o atual ministro Olivier Verán estão, de fato, sendo investigados pelo órgão equivalente à procuradoria-geral da França (Cour de Justice de la République, ou Tribunal de Justiça da República em tradução livre) por conta de suas atuações frente à pandemia de coronavírus. No entanto, não há comunicado oficial sobre a relação das apurações com o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Tampouco os jornais locais associaram a investigação ao medicamento. Segundo o jornal Le Figaro e outros veículos de imprensa franceses, o inquérito foi aberto com base em nove denúncias que apontaram negligência na condução das ações contra a pandemia por parte do governo francês. Não foram divulgados detalhes das denúncias.

Agnès Buzyn deixou o governo em fevereiro, antes das eleições municipais. Philippe apresentou sua demissão no último dia 3, como parte de uma renovação no governo de Emmanuel Macron. No mesmo dia, o procurador-geral da Corte de cassação, François Mollins, anunciou a abertura do inquérito. No dia 7, a investigação foi oficialmente aberta. Em um comunicado à agência de notícias AFP, o ex-primeiro-ministro informou vai prestar todas as informações necessárias. Phillippe foi substituído por Jean Castex, membro do governo que estava encarregado do processo de reabertura no país, após flexibilização das medidas restritivas impostas em função da pandemia.

Em relação ao uso da cloroquina, em maio, a França chegou a cancelar um decreto que permitia que médicos de hospitais recomendassem o medicamento. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já afirmou que não há qualquer evidência científica de que a cloroquina e seus correlatos tenham eficácia contra o novo coronavírus.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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