Entre os dias 22 e 29 de maio, o projeto Meninas Digitais no Cerrado, parceiro do Programa Meninas Digitais da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) levou ações de capacitação técnica para além das fronteiras goianas. Pela primeira vez, de modo totalmente virtual e aberto a todas as pessoas, foi realizado o minicurso “Criando Artes Digitais: Curso Online de Canva”. A ação foi toda inédita, pois também tratou-se da 1ª atividade da equipe ao ensinar sobre a criação de designs para as diversas mídias digitais.
O projeto Meninas Digitais no Cerrado surgiu no ano de 2016, a fim de prover empoderamento feminino em ciência e tecnologia, integrando o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Tecnologia da Informação (NEPeTI). Com quase cinco anos de atuação, já figurou como projetos de ensino, pesquisa e extensão, com envolvimento direto de estudantes de cursos ligados à informática. Inclusive foi decorrente do desejo das meninas do ensino médio técnico em Informática para Internet e bacharelado em Sistemas de Informação, quanto ao aprendizado de designs, que esta ação tomou forma. Quando questionadas sobre o que gostariam de aprender mesmo “de casa”, inegavelmente, as artes foram parte do repertório solicitado pelas discentes. Além de reforçar o caráter interdisciplinar que as artes são capazes de produzir junto às tecnologias digitais, comumente, os projetos parceiros do Programa Meninas Digitais criam artes para divulgar suas ações e se aproximar do público virtual via redes sociais, o que também estimulou a realização do curso.
Com apenas dois dias de divulgação, foram efetuadas quase 250 inscrições por pessoas de todo o país, sendo cerca de 77% do público externo ao Campus Ceres do Instituto Federal Goiano – instituição a qual sedia o projeto. Desde o início, a expectativa já era grande, visto os diversos comentários das pessoas participantes, como: “Parabéns pela iniciativa, nessa época de pandemia o aprendizado ajuda a manter o foco” ou mesmo “Tenho muita vontade de aprender, sempre gostei dessas coisas”. Assim o entusiasmo se refletiu na equipe de ministrantes, que ficaram animadas(os) com a proporção e impacto gerado pela ação.
Como o número de inscritos excedeu o previsto, a iniciativa dividiu as pessoas inscritas em quatro turmas, cada uma com 2h de duração, em busca de maior efetividade no quesito ensino-aprendizagem. O curso foi ofertado por meio da plataforma Google Meet em forma de webconferência, de modo totalmente gratuito e com direito à certificado de extensão. No total, 110 das pessoas inscritas compareceram ao curso, provenientes de 14 estados distintos, sendo: Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão, Ceará, Pará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Mato Grosso e claro, Goiás.
A ementa tratou especificamente da plataforma de criação de designs Canva, que apesar de possuir nomenclatura muito parecida com outra metodologia, designa-se à uma ferramenta de fácil utilização com objetivo de produção de artes digitais, bem como edição de imagens e slides. As pessoas cursistas interagiram de maneira ativa com as ministrantes (ambas mulheres discentes do curso de Bacharelado de Sistemas de Informação e integrantes da equipe do projeto), seja por meio de voz e vídeo, ou ainda, pelo bate papo dinâmico ofertado pela plataforma de webconferência.
Buscando oportunizar a compreensão e aprendizado de todo o público, a utilização da Canva se deu tanto via computadores, quanto via dispositivos móveis, e, além disso, discutiu-se todos os elementos essenciais para criação de um design, desde quadros, fontes, fundos, bem como conhecimentos introdutórios sobre colorimetria e tipografia. Ademais, a proposta desenvolvida deu destaque a co-fundadora e CEO da plataforma Canva, Melanie Perkins (32 anos), cuja atuação como coordenadora de uma das startups de tecnologia mais valiosas do mundo (LEE, 2019), dialoga mais uma vez com perfis de êxito capazes de encorajar meninas e instigar sua permanência no setor. Nesse contexto, é de extrema importância a valorização de uma ferramenta criada por uma mulher, considerada como uma das CEOs mais importantes da tecnologia nos dias atuais. Também foi exibido um vídeo depoimento da designer Ianka Assis, que contou sobre esta profissão no mercado e deu dicas práticas na produção de peças digitais.
Pluralidade foi uma palavra-chave na ação. Além de estados diferentes, pessoas de diversos cursos e profissões participaram do curso, sendo 33,9% da área de computação. Houve uma expressiva participação de bibliotecárias(os), com vistas a divulgação de seu trabalho nas instituições, além de profissionais e discentes de áreas como Psicologia, Direito, Agronomia, Ciências Biológicas, Jornalismo, Publicidade e Turismo, o que reforçou a importância das artes, no contexto atual da pandemia da COVID-19, para abrir portas para o trabalho das pessoas.
Sem dúvidas, o curso foi libertador! Para aquelas pessoas que achavam que criar artes é somente possível para quem é da área de Informática, desconstruiu-se tal conceito neste encontro épico, no qual, ao final, todas as pessoas saíram da chamada de vídeo com direito a uma arte final pronta para publicação e uso. Para isso, foi proposta a criação de um cartaz com mulheres inspiradoras nas ciências, com ênfase na área de Computação, por meio do re(conhecimento) de nomes como Ada Lovelace, Grace Hopper, Camila Achutti e Katie Bouman, e assim, colaborando para evidenciar perfis femininos de êxito, frequentemente omitidos da história (LOUZADA et al., 2019).
Fonte: SBC Horizontes


