Levantamento do Instituto Península revelou ainda que 88% nunca tinham dado aula de forma virtual antes da pandemia e 55% não tiveram qualquer suporte ou capacitação para ensinar fora do ambiente físico da escola. “De um dia para o outro, professores montaram todo um sistema de educação obrigatória a distância para continuar a sua missão de vida a partir de casa com mística e dedicação. Materiais? Seu computador, privado e pessoal, e sua internet, paga do próprio bolso. Espaços? O salão de sua casa, que torna pública a desconhecidos a intimidade. Exigências? Absolutas. Reclamações de todos a todo momento, sem sensibilidade alguma ao esforço súbito a que estamos submetidos! A escola na sala de casa nunca acaba”. Esse é o trecho de um texto que circulou nas últimas semanas nas redes sociais. De autoria desconhecida, ele revela em poucas linhas o universo dos professores em meio ao isolamento social por causa da Covid-19.
Fato é que, após seis semanas de isolamento social, 83% dos professores brasileiros ainda se sentem nada ou pouco preparados para o ensino remoto. Isso é o que aponta o instituto Península, após pesquisa realizada com 7.734 mil docentes de todo o país entre os dias 13 de abril e 14 de maio deste ano.
O levantamento é parte do estudo “Sentimento de percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do Coronavírus no Brasil”, que revelou ainda que 88% nunca tinham dado aula de forma virtual antes da pandemia e 55% não tiveram qualquer suporte ou capacitação para ensinar fora do ambiente físico da escola. Por outro lado, o interesse é latente: 75% gostariam, sim, e receber apoio e treinamento neste sentido.
Segundo Patricia Blanco, presidente do instituto Palavra Aberta, entidade que lidera o EducaMídia, programa de educação midiática dedicado a formar professores e a produzir conteúdos sobre o tema, a formação do educador é um dos motivos que levam a essa preocupação a respeito do uso das tecnologias, mas não só. “Existem questões crônicas, intrínsecas à formação docente, que se agravaram ainda mais com o ineditismo da situação que vivemos hoje. Há questões técnicas de infraestrutura, resultados da desigualdade social brasileira, que ficam evidentes agora, como o acesso a computadores, celulares e banda larga. E, claro, há a falta de materiais pedagógicos e cursos que preparassem os professores para lidarem com o ensino puramente virtual na educação básica”, afirmou. Ainda segundo ela, a situação evidenciou a urgência de inserirmos no sistema educacional o universo digital. “Por muitos anos nós ‘atrasamos’, no Brasil, essa discussão. Agora, estamos correndo atrás enquanto a roda está girando”.
Fonte: OVALE


