21.05.2020 – Notícias classificadas como Fake News

22 de Maio de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 22 de Maio. São elas:

(1) É #FAKE que cientista foi assassinado nos EUA após descobrir vacina contra o novo coronavírus
Formado em ciência da computação em Cingapura, o cientista Bing Liu, de 37 anos, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, Estados Unidos, de fato fazia pesquisas importantes a respeito do coronavírus, e foi mesmo morto a tiros em sua residência, num subúrbio de Pittsburgh, no dia 2. Entretanto, o motivo do crime foi passional, de acordo com a polícia, e o autor foi identificado como o engenheiro de software Hao Gu, de 46 anos, que, após os disparos, foi até seu carro e se suicidou. Ademais, o foco do trabalho de Liu não era o desenvolvimento de uma vacina, mas o estudo dos processos biológicos do novo vírus, analisados por meio de modelos computacionais. O virologista Rômulo Neris, da UFRJ, pesquisador visitante da Universidade da Califórnia, diz que há dois grupos pesquisando uma vacina contra o coronavírus em Pittsburgh, e Lui não fazia parte de nenhum deles.

(2) É #FAKE mensagem que fala em cadastro para receber auxílio gás
De acordo com a pasta do Ministério da Cidadania, não houve criação de auxílio destinado à compra de gás em meio à pandemia de coronavírus. Há, de fato, um projeto que prevê a criação do benefício. De autoria dos deputados do PT Bohn Gass e Paulo Teixeira, o PL 1922/2020 foi apresentado no mês passado e institui o vale enquanto perdurar o estado de calamidade pública. Ele ainda não foi nem sequer apreciado na Câmara, no entanto. O valor proposto também é outro: R$ 80. Além disso, o link existente na mensagem falsa leva para uma página que não tem relação com os sites oficiais do governo. Ele usa imagens de programas antigos do governo federal, como o Fome Zero, e programas atuais, como o Bolsa Família, para se fazer passar por um site governamental. Na página, há um questionário socioeconômico que os usuários precisam preencher, com perguntas sobre a renda familiar e número de desempregados na família. O mesmo servidor desse site tem outros 11 domínios não oficiais, alguns que simulam pertencer a redes varejistas brasileiras e outros de mineração de bitcoins (criptomoedas). Outras mensagens sobre o auxílio gás circularam pelas redes, com valores diferentes para o benefício e um link que leva para outro site. Neste caso, o site também não é vinculado ao governo federal. Todos os programas sociais do governo estão elencados no site oficial do Ministério da Cidadania.

(3) É #FAKE que Doria mandou recolher de farmácias medicamentos experimentais contra a Covid-19 para levar pacientes à morte
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do estado negaram que o governo Doria tenha determinado o recolhimento tanto da cloroquina quanto da hidroxicloroquina das farmácias do estado de São Paulo. Além de negar o recolhimento, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informa que “recebe os medicamentos do governo federal, responsável pelas diretrizes técnicas para uso desses remédios, que prevê o uso somente com indicação ou prescrição médica”. Procurado pela CBN, o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sincofarma) informa que não houve registro de recolhimento destes medicamentos de farmácias. A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reúne as grandes redes do país, abarcando 45% do mercado, explica que essa retirada não foi registrada em São Paulo, mas, sim, em outros estados. Governos de estados como Minas Gerais, Paraná e Pernambuco, segundo a entidade, fizeram confisco de insumos médicos para uso em hospitais.

Sobre a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina, até o momento, os estudos não só mostram que a cloroquina não traz benefícios aos pacientes com a Covid-19, mas também revelam que ela pode provocar efeitos colaterais potencialmente graves, caso das arritmias cardíacas. Todos os especialistas já entrevistados pela equipe do Fato ou Fake a respeito da pandemia afirmam que ainda faltam estudos com rigor científico para que se confie na cloroquina como remédio a ser tomado em casa. Infectologistas, biólogos, médicos e outros cientistas criticam o uso como proposto. Por ora, esses remédios não são indicados para tratar a doença fora de ambiente hospitalar, segundo especialistas ouvidos pela CBN. A Organização Mundial da Saúde, após tomar ciência do protocolo brasileiro, fez um alerta sobre os efeitos potenciais da droga.

(4) É #FAKE que pesquisa recente indique a hidroxicloroquina como o tratamento mais eficaz contra o coronavírus
A mensagem que afirma que a hidroxicloroquina é o tratamento mais eficaz “atualmente disponível” contra o coronavírus cita como fonte o site Sermo, uma comunidade virtual que reúne médicos de vários países. A página faz semanalmente uma pesquisa com os integrantes sobre Covid-19 e os tratamentos usados. Na última atualização, feita no período de 11 a 13 de maio, a hidroxicloroquina aparece na 9ª posição entre os tratamentos mais eficazes apontados pelos médicos consultados para pacientes com Covid-19 fora do hospital e na 17ª posição entre os tratamentos mais eficazes para pacientes com Covid-19 tanto em grau moderado no hospital como na unidade de terapia intensiva (UTI). O tratamento mais eficaz para quem não foi hospitalizado, segundo a pesquisa, é um que é indicado para o tratamento da artrite reumatoide. Já para os pacientes na UTI é o oxigênio, seguido da medicina tradicional chinesa e do plasma.

O site afirma que 20 mil médicos, de 30 países, são ouvidos regularmente, mas o número de profissionais consultados sobre a hidroxicloroquina é bem menor. No último levantamento, apenas 201 médicos deram sua opinião sobre a eficiência da hidroxicloroquina em pessoas com o vírus fora do hospital. Desses, 34% consideraram a droga muito ou extremamente eficaz. Do restante, 38% consideraram moderadamente eficaz, 23% ligeiramente eficaz e 4%, não eficaz. Em relação aos pacientes nos hospitais com grau moderado, 415 médicos responderam à pesquisa. Desses, 23% afirmaram que o medicamento é muito ou extremamente eficaz. Outros 37% disseram ser moderadamente eficaz, 30% ligeiramente e 10%, não eficaz. Sobre os pacientes na UTI, 164 médicos foram consultados. Do total, 20% afirmaram que o medicamento é muito ou extremamente eficaz. Outros 35% disseram ser moderadamente eficaz, 31% ligeiramente e 14%, não eficaz. Mesmo em abril, período apontado como de referência pela Secom, nenhuma das quatro pesquisas feitas pelo site coloca a hidroxicloroquina como o medicamento mais eficaz. Numa outra pesquisa que teve início no dia 30 de março e foi finalizada no dia 2 de abril, o medicamento também fica em segundo, atrás do plasma, e depois vai caindo de posição ao longo das semanas.

Além disso, a pesquisa não tem caráter científico. Trata-de de uma enquete. As comparações ficam prejudicadas porque os médicos não respondem sobre todos os tratamentos. Então, na última, enquanto 164 avaliaram a eficiência da hidroxicloroquina na UTI, apenas 30 classificaram a eficácia do uso da vitamina C em comprimido, que aparece com um percentual menor. E a eficácia de cada medicamento é baseada na percepção dos profissionais, e não em dados clínicos ou exames. A Organização Mundial da Saúde diz que a cloroquina pode causar efeitos colaterais e não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.


Fonte: Ministério da Saúde
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