O efeito fake news nas eleições

27 de outubro de 2020

Doutor em ciências pela USP, Átila Iamarino protagoniza um oportuno comercial mantido na internet e na televisão pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alertando sobre a proliferação de notícias falsas envolvendo as eleições. Numa analogia com o coronavírus, ele fala do uso ilegal de tecnologia na produção de conteúdo e compara a disseminação de fake news com a contaminação de pessoas pela pandemia.

Assim como os vírus, lembra ele, as fake news também evoluem. A cada dia, os criadores de notícias falsas usam novas tecnologias e ferramentas para montar e divulgar conteúdos difamatórios. O cientista acrescenta: “Você já ouviu falar de deep fake? É uma ferramenta que se utiliza de sons e movimentos para vídeos falsos, além do que a edição já permitia.”

Na propaganda do TSE, ele explica que, por exemplo, dá para colocar na boca de um candidato coisas que ele nunca disse. “Ou seja, hoje em dia não dá mais para acreditar nem no que a gente vê”, afirma, para recomendar em seguida: “Por isso, antes de cair no conto de uma foto ou de um vídeo falso, desconfie. Procure informações sobre o assunto em fontes oficiais.”

Uma das recomendações de Iamarino é que as pessoas pesquisem em sites jornalísticos e de checagem de notícias, e só compartilhem aquilo que tenham certeza que é verdadeiro. Uma das formas de saber se é verdadeiro é verificar a fonte da informação. De preferência conteúdos jornalísticos mantidos por empresas que têm história e credibilidade, e um nome a zelar.

São alertas muito óbvios, mas nesse oceano de notícias falsas reforçar o óbvio é altamente necessário, até porque a disseminação de fake news não ocorre só por desinformação, mas por má-fé. Infelizmente, o submundo da internet está infestado de pessoas inescrupulosas, que se escondem no anonimato para atacar covardemente.

Numa campanha eleitoral, a distribuição de mentiras por atacado na internet pode causar efeitos irreversíveis na vida, na história e na campanha de um candidato. Especialmente no caso citado, o uso da ferramenta que coloca palavras na boca da pessoa, em um vídeo, como se realmente ele estivesse dizendo o que na verdade não disse.

Trata-se de alerta que vale para qualquer circunstância, e não só relativamente à questão eleitoral. O uso do deep fake é altamente devastador, pode destruir reputações de diferentes formas, prejudicando empresas e profissionais, e comprometer até relações familiares. Pode, inclusive, fazer com que inocentes paguem por crimes que não cometeram.

Mais do que nunca, portanto, é imperioso checar as notícias e ter cuidado para beber de fontes limpas. Definitivamente, o jornalismo profissional faz a diferença.


Fonte: Folha da Região
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