01.09.2020 – Notícias classificadas como Fake News

1 de setembro de 2020

Levando em consideração o Portal do Ministério da Saúde e os dois maiores portais brasileiros em acessos, Portal Globo.com e Portal UOL, apenas o Portal Globo.com fez esclarecimentos acerca das fake news no dia 01 de setembro. São eles:

(1) É #FAKE que foto de praia lotada no Rio publicada em jornal é antiga e foi retirada de arquivo
Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que o jornal “O Estado de S.Paulo” publicou uma foto antiga da praia de Ipanema lotada para dar a impressão de que ela era recente em meio à pandemia do coronavírus. O texto falso diz que os cariocas foram à praia, mas o jornal decidiu buscar no arquivo uma aglomeração muito maior e assegura que o mar de barracas grudadas não existiu. O G1 teve acesso aos dados gerados pela câmera fotográfica que registrou as fotos. E eles atestam que as imagens foram feitas mesmo no dia 30 deste mês, o último domingo. É possível, aliás, notar algumas pessoas de máscara, apesar de a imensa maioria ter simplesmente abandonado o item de proteção. Um detalhe é que a foto foi feita com uma lente 600 mm, que costuma “achatar” o plano. Daí a impressão de as pessoas estarem ainda mais perto uma das outras.

O jornal “O Estado de S.Paulo” publicou uma reportagem mostrando que as fotos são autênticas e atuais. Na reportagem, o fotógrafo Wilton Júnior, autor das imagens, afirma: “A foto foi feita no Arpoador, ali na entrada de Ipanema, por volta das 14h30 de domingo. A praia estava muito cheia e com muito guarda-sol, coisa que a gente não via há muito tempo.” Em seguida o fotógrafo diz que seguiu para o mirante do Leblon, onde a praia estava mais vazia, e fez mais algumas fotos.

(2) É #FAKE que foto mostre coração de pessoa após uso prolongado de máscara contra a Covid-19
Circula pelas redes sociais uma foto de um coração com a predominância de cores roxo e azul. Uma mensagem que acompanha a foto diz que isso é resultado do uso prolongado da máscara contra a Covid-19. A foto, na verdade, não é de alguém que fez uso prolongado de máscara durante a pandemia da Covid-19, mas de um caso de suicídio. O registro foi feito pela médica turca Zekiye Gözde, que trabalha com medicina legal forense, há três anos. A foto foi publicada no site ‘Medzzy’ em 2017.

O cardiologista Nabil Ghorayeb diz que o conteúdo da mensagem compartilhada é falso e que não há qualquer perigo em usar a máscara. Ele lembra que as máscaras comuns são feitas de tecido e que há espaço para a entrada e a saída de ar, sem risco para os sintomas relatados no texto falso. “A máscara não é vedada totalmente. Se você fizer o indivíduo respirar dentro de um saco de plástico, ele vai à morte porque não tem oxigênio, só dióxido de carbono. Ele vai ter tontura e sonolência por falta de oxigênio no cérebro. Mas certamente não é por conta da máscara que isso vai acontecer.”

O cardiologista destaca ainda que não há perigo em dirigir com máscara e lembra que, mesmo antes da pandemia, a máscara já era usada em algumas situações, como a dos cirurgiões que passam 10 ou 12 horas em operações. Ghorayeb reforça que o ideal é trocar a máscara a cada duas horas para manter a eficácia do item. Além disso, é importante lembrar que o uso da máscara é recomendado por uma série de autoridades de saúde para evitar a disseminação do novo coronavírus. Durante a pandemia, porém, as máscaras passaram a ser alvos de mensagens falsas compartilhadas nas redes sociais.

(3) É #FAKE que jejum prolongado e banho frio previnam a Covid-19
Circula nas redes sociais um texto que diz que fazer jejum por três dias e tomar banho frio são hábitos que fortalecem o sistema imunológico, prevenindo a Covid-19. A mensagem falsa é longa, e indaga: “Por que não explicar que o jejum fortalece o sistema imunitário em apenas 3 dias? Por que não falar sobre os benefícios do chuveiro frio, que em poucos dias aumenta o nível de certos linfócitos T?”. O texto diz ainda: “Estes géis não devem ser usados por vários dias seguidos, porque, à base de etanol, eliminarão a primeira barreira imune natural do nosso corpo: as bactérias e filme de lipídios da nossa pele, que é uma barreira para os vírus (…) Quanto mais usamos estes géis à base de álcool, mas permeáveis e sensíveis à epiderme são os vírus”.

O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, afirma que não há qualquer relação entre jejuar e tomar banho frio e o fortalecimento do sistema imunológico. “Jejum prolongado consome as reserva nutricionais do nosso corpo, enfraquecendo o organismo e permitindo infecções de todos os tipos. Sobre o banho frio, talvez o melhor efeito seja uma economia na conta de luz. Tomar banho frio não resulta em melhorias no sistema imunológico, pois não há formação de células de defesa do nosso organismo nem produção de anticorpos para o combate de agentes infecciosos”, diz o médico.

O dermatologista Leonardo Abrucio, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, considera que a prioridade na assepsia das mãos deve ser dada à velha fórmula água e sabonete. “O álcool em gel pode, sim, provocar microlesões, mas é preferível usá-lo do que não limpar as mãos com nada, se a pessoa estiver fora de casa. O melhor é usar sabonete neutro e água”, recomenda o médico.

O infectologista Paulo Santos, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça que não há por que acreditar que os linfócitos T (células do sistema imunológico) são estimulados pelo banho frio ou o jejum. “Não há qualquer correlação entre o banho frio e o reforço da imunidade. É interessante que os linfócitos T citados, que compõem uma resposta imunológica que chamamos de ‘imunidade mediada por células’, não se constitui na via mais importante de defesa contra o coronavírus.”

(4) É #FAKE que a Covid é um plano internacional de controle e redução da população lançado em 2020
Circula pelas redes sociais um vídeo em que o médico italiano Roberto Petrella, militante antivacina, afirma que a Covid-19 é um plano internacional de controle e redução da população desenvolvido nas últimas décadas e lançado em 2020. Ele diz ainda que Covid significa “Certificado de Identificação de Vacinação com Inteligência Artificial”. O médico sustenta ainda que o que fortalece o coronavírus é o terreno imunológico em que ele se encontra, enfraquecido pelas vacinas anteriores. O vídeo circula com tradução em várias idiomas e já foi alvo de checagens pelo mundo afora. Em 2019, o médico ginecologista aposentado, de 73 anos, foi suspenso de suas atividades por ser contra a obrigatoriedade da vacina contra o papilomavírus.

A afirmação de que as vacinas enfraquecem o sistema imunológico e fortalecem o vírus não é verdadeira, diz o médico Jorge Kalil, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia (iii). “Vacinas agem expondo ao nosso organismo partes de um agente infeccioso ou uma versão dele que não é capaz de causar doença. A partir desta exposição, nosso sistema imune é capaz de gerar resposta muito mais rápida e eficiente no caso de uma infecção por este patógeno. O objetivo da vacina é exatamente o oposto do que é apontado por esta fake news”, diz o virologista Rômulo Neris, doutorando da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Além disto, não existe fenômeno de ‘reativação viral’ associado a vacinas conforme o autor tenta sugerir. O evento recente de um indivíduo infectado duas vezes por Sars-CoV-2 foi um quadro de reinfecção. Ele foi exposto em dois momentos diferentes a vírus que circulavam em regiões diferentes, o que pode ser comprovado por análise em laboratório.”

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, “a vacinação é segura e os efeitos colaterais são geralmente menores e temporários, como dor no braço ou febre baixa”. “Qualquer vacina licenciada é rigorosamente testada em várias fases de testes antes de ser aprovada para uso e regularmente reavaliada assim que é introduzida. Os cientistas também monitoram constantemente as informações de várias fontes em busca de qualquer sinal de que uma vacina possa causar riscos à saúde.”

Covid-19 também não significa Certificado de Identificação de Vacinação com Inteligência Artificial. Na verdade, é a abreviação de ‘Coronavirus Disease’. E o 19 é por causa do ano em que o vírus começou a circular. Segundo a OMS, ‘CO’ significa corona, ‘VI’ significa vírus e ‘D’ significa doença. Anteriormente, esta doença era chamada de ‘2019 novo coronavírus’ ou ‘2019-nCoV’. O vírus da Covid-19 é um novo vírus ligado à mesma família do Sars.

Também não é verdade que o vírus causador da Covid-19 tenha sido criado artificialmente. De acordo com o infectologista Leonardo Weismann, o novo vírus, o SARS-CoV-2, é uma nova variante do coronavírus, até então não identificada. Tem origem provável em morcegos, e foi transmitida para humanos após mutações, o que se denomina ‘species jumping’ (transmissão entre espécies), diz. O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que não há absolutamente nenhuma possibilidade de o novo coronavírus ter sido criado em laboratório. Ele diz ainda que as recombinações genéticas dos vírus como este são uma característica própria deles e que não há, nem que se queira, tecnologia suficiente para produzir isso.

As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– gotículas de saliva;
– espirro;
– tosse;
– catarro;
– contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
– contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde ainda orienta cuidados básicos diários para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou então higienize com álcool em gel 70%.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar com COM O BRAÇO (e não com as mãos!) ou com um lenço de papel (e jogar no lixo).
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos).
– Manter os ambientes bem ventilados.
– Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
– Evitar contato próximo com pessoas resfriadas ou que estejam com sintomas parecidos com os da gripe.
– Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
– Evitar aglomerações.
– Ficar em casa quando estiver doente.


Fonte: Ministério da Saúde
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